segunda-feira, 25 de março de 2013

Lembra?

                Eu não sei você, mas quando eu lembro da gente me vem a imagem de uma rede na cabeça e nós deitados nela. Acho que é por causa daquele dia, lembra? No hotel fazenda. Você nem deve lembrar. Já se passou tanto tempo, nem me lembro da última vez que eu pude te chamar de "amor", gostava tanto de te chamar assim. Soa estranho te chamar de "Nanda", todo mundo te chama assim, só eu te chamava de amor, só eu podia. Às vezes eu me pergunto se você ainda lembra do meu nome, se você ainda lembra da gente, foi tão gostoso aquele verão que a gente se conheceu. Foi lá em Fortaleza, numa barraca na orla. Você tava sentada com as suas amigas tomando uma cerveja, só você, as outras estavam tomando uma caipirinha ou algo do tipo. Achei irado você tá tomando cerveja, sempre gostei desse tipo de mulher. Passava o jogo do sue time na TV e vi que você não estava prestando atenção na conversa e sim no jogo. Eu ri. Suas amigas pareciam tão entretidas na conversa sobre o ator daquele filme que tinha acabado de estrear, você lembra qual era? Graças a esse jogo eu tive coragem de ir falar com você, perguntei pra quem você tava torcendo e você olhou pra mim, sorriu, tomou um gole da cerveja e falou: "Pra ninguém, só gosto de ver mesmo", eu juro que meu queixo quase caiu naquela hora, puxa vida, além de um sorriso maravilhoso, você gostava de futebol. Começamos a conversar sobre os times, o campeonato, você não entendia muito, mas gostava do assunto, gostava de aprender. Me lembro de ir conhecendo suas manias, você mexia no cabelo a cada 15 segundos, mais ou menos, prendia, soltava, prendia, torcia, soltava e por ai vai, naquele dia até achei que podia ser um certo nervosismo, mas depois do nosso ano juntos notei que era só uma mania mesmo. Você mordia o lábio inferior enquanto eu falava, depois notei que você fazia isso quando estava realmente prestando atenção, nunca te contei que eu sabia disso. Você piscava muito o olho e também o coçava, depois fui saber que isso acontecia quando a lente estava te incomodando. Eu notei em cada detalhe teu, quis decorar tudo, pois eu achava que depois daquele dia você ia sumir e eu não queria te esquecer. Você estava com um biquíni azul e branco, lindo, você tinha um piercing no umbigo, bem discreto, só notei de noite na praia. Lembra daquela noite? A gente ficou deitado na areia procurando estrelas cadentes, era encantador ver como os seus olhos brilhavam de alegria a cada estrela que passava e depois você fechava os olhos e fazia o seu pedido, sempre mexia um pouco os lábios enquanto pedia para estrela coisas que nunca soube, você sempre foi firme quanto ao fato de não poder contar os pedidos. Gosto disso em você, essa sua crença infantil, o jeito que você acredita nas coisas mágicas é muito bonito. Não sei se eu já te falei isso. Acho que eu não te falei muitas coisas que deveria ter dito e acho que esse foi um dos grandes motivos pra você ir embora. Eu sempre achei que você soubesse de tudo isso, mas acho que não. Acho que se você soubesse você não teria ido embora né? Então, meu bem, to te falando tudo por aqui, não precisa voltar não. Mas eu quero que você saiba que você não era uma idiota, eu que era. Eu que não te dei o valor necessário, eu que esqueci que você gostava de futebol e não te chamei pra ir pros barzinhos comigo e com meus amigos. Eu que errei. Eu deveria ter te dito que você foi e sempre será a garota mais incrível que eu já conheci. A garota que sempre vai fazer meu coração bater mais forte. Eu deveria ter te dado o valor que você merecia, desculpa, amor, desculpa. 

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