quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Amor, esquisito amor.



Ei, meu bem, já te falei que não é pra vir. Não quero que você apareça aqui em casa assim sem avisar, não quero. Você insiste em me ligar de madrugada e eu digo que não dá, mas depois de dez minutos você bate na minha porta e pede pra entrar. Ai, nego, você acaba comigo. Já te disse que agora não dá. Eu não quero mais. Vai embora, por favor. Mas ai você me olha assim com esse teu jeitinho de homem magoado, chega todo mole, como se tivesse doente, já vai entrando e me roubando um beijo, me pede colo e começa a chorar.

Chora por ela, reclama, fala que vai largar e que vai recomeçar comigo. Eu nem abro mais aquele sorriso que eu costumava abrir, eu já sei que amanhã você não vai me atender, na verdade, eu nem vou mais te ligar. Você não sabe como dói ser o seu porto seguro, ser a única que não vai conseguir te impedir de entrar. Eu queria ter essa força de te empurrar, gritar e te falar pra nunca mais me ligar, mas eu não resisto aos seus olhos cor-de-céu. Ai, nego, dói muito ter que mexer nos seus cabelos enquanto você chora por outra mulher. Você sabe que comigo ia ser diferente, mas você parece um viciado e eu sempre me prometi nunca me envolver com gente assim, mas nunca achei que fosse amar um homem viciado em outra mulher.

Eu sei que você me ama, eu sei, não precisa me dizer. Você sempre diz entre os seus soluços que queria conseguir largar dela e depois repete um milhão de vezes que não consegue e a cada vez que você repete esse mantra eu sinto uma faca me cortando. Mas eu cansei nego, eu cansei. Você tem que entender o meu lado. Eu não quero mais ficar aqui de palhaça te esperando ligar em uma madrugada qualquer. Ou você se decide ou você me esquece. Não quero mais ficar no meio desse tiroteio, não aguento mais ser o seu porto seguro. Eu sou a sua certeza, mas eu preciso ter alguma certeza de que um dia você vai tá aqui, comigo.

Presta atenção, olha pra mim, levanta e sai daqui. Eu não to brincando agora, meu bem. Eu preciso fazer isso por mim e por você. A gente precisa decidir se a gente vai continuar amando desse jeito esquisito, se você vai largar esse vício e se eu vou largar de ser besta. Eu to tomando o primeiro passo agora, to largando de ser besta. Não me liga, me dá um tempo, me deixa em paz, me deixa pensar um pouco, ficar sozinha. E vai ver se você quer viver esse amor doente com ela, pensa um pouco e pensa em mim, só não me manda mais essas mensagens na madrugada.


Eu não to te pedindo um amor de cinema, não to te pedindo nada perfeito. Eu só quero algo concreto, cansei desse jogo de segurar e soltar que você adora brincar. Eu quero algo que eu saiba de verdade o que é. Mesmo que isso signifique te perder, eu prefiro ter certeza que você nunca mais vai voltar do que ficar brincando de te esperar. Então, nego, vai... E só volta se for pra ficar. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ele não queria, nem podia.


Um aperto no coração descomunal a tirou do sono tranquilo, era aquele aperto já conhecido que só o rosto dele causava. Já fazia algum tempo que ele não invadia seus sonhos, nem perturbava sua mente, mas naquela noite doeu e ela deixou doer. Não tentou impedir as lágrimas de rolarem pelo seus rosto, se permitiu sentir aquele aperto.

Suas mãos agarravam o lençol enquanto as mensagens que ele mandava ecoavam na sua mente. O que ele falou logo depois de quase tê-la beijado, na noite em que se despediram pela primeira vez. Ela sentia a mesma dor que sentira naquela noite. E continuava vendo o coelho na Lua.

A ferida tinha aberto novamente e ela sabia o porquê. Foi o filme. Assistira mais cedo o filme que ele tinha prometido assistir com ela. Lembrou das madrugadas, das conversas, do: "Você tá diferente, tá com voz de mulher." que ele soltou em uma conversa de vídeo. Lembrou da foto que partira seu coração pela última vez, como prometeu pra si mesma. Realmente, aquela foi a última, afinal, não tem como quebrar algo já quebrado. Mas ele, ah, ele ainda conseguia pisar nos cacos.

Doeu, ainda doía. Mas ela aprendeu a lidar com a dor, ensaiou seu melhor sorriso e o coloca no rosto todos os dias. Vestiu a fantasia de mulher forte e seguiu em frente. Ele causou um dano irreparável, mas ela aprendeu a deixar de lado, a lidar com aquilo. Ela aprendeu a gostar de estar sozinha, aprendeu a gostar dela e a se dar o valor que merece.
É só que de vez em quando bate saudades do que não foi - mas poderia ter sido - e a dor é tão forte que armadura nenhuma aguenta.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sobre aquela com mais problema que o governo brasileiro.


Hoje, infelizmente, não posso dizer que já superei, nem que as cicatrizes já são apenas velhas lembranças daquilo que nunca mais quero pra mim - algumas ainda estão vermelhas - mas, posso te dizer: já lido muito melhor com esse aperto no coração que só o som do seu nome me causa. Não to dizendo que te quero de volta, afinal, como te ter de volta se, na verdade, jamais te tive. Essa mania de aspirante-a-escritora me fez criar histórias incríveis, nas quais eu e você vivíamos amores intermináveis e imensuráveis, como nas partes felizes de algum livro do Nicholas Sparks. mas como até o senhor Sparks sabe, nem tudo são flores e eu chorei no final, mas foi sozinha. Você não chorou, não por mim. Eu posso dizer com a certeza mais absoluta que: eu nunca vou te esquecer. Também posso garantir que já estou aprendendo a lidar com essa lembrança chata.

Sabe o que mais me incomoda nessa história toda é que você tirou minha inocência, arrancou minha tão estimada confiança nos outros. Tu complicou a minha vida, por que agora eu não consigo evitar de colocar suas piores características nesse guri que agora me faz cafuné enquanto assistimos ao jogo nessa tarde de domingo. Aposto que ele não tem nem um terço das suas más intenções, mas eu simplesmente não consigo evitar de colocar uma muralha entre nós, para que ele não me faça o mesmo mal que tu me fez. Eu só queria poder deixar ele entrar, como sempre faço contigo, daquele jeito tão desprotegido, inocente, sincero e, ah, cheio de amor.

Eu não consigo nem ao menos explicar o porquê de eu não deixá-lo chegar perto, pelo menos não pra ele. Não consigo olhar nos olhos dele que me suplicam por uma explicação, um motivo razoável e só encontram um movimento de agonia, daquela agonia de quem quer falar, mas não encontra a palavra certa, o jeito certo. Ele só escuta um: "Não é nada demais, só sou difícil." seguido de uma risada tão bizarra que não consigo nem descrevê-la, talvez ganhe até um beijo depois, mas eu sei que, pra ele, já tá ficando impossível. Sabe, se eu fosse ele eu aproveitava o intervalo do jogo e ia embora, é a escolha mais saudável.

Você me estragou demais e nem sei se tem conserto. Talvez eu devesse parar de tentar achar você nele ou naquele, afinal, não quero outro igual a você, né? Talvez eu tenha que parar de trazer eles para dentro dessa armadilha que eu sou. Tenho que aceitar que nessa luta contra a sua lembrança eu tenho que ir sozinha. Talvez um dia eu aprenda a confiar de novo e deixe outro entrar do mesmo jeito que você entrou e dessa vez espero que ele não desarrume o jardim, que estou preparando pra ele, do mesmo jeito que você fez. E, sinceramente, espero que você se foda.