quinta-feira, 28 de março de 2013

Sobre o casamento gay.

            Hoje eu quero falar sobre um assunto sério e polêmico, já vou começar dizendo que sim, sou a favor do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Então se você não concorda com a minha opinião e não quer ver o outro lado da moeda, não precisa continuar lendo. 
          Pois bem, pra mim essa discussão não tem sentido. Acho que governo nenhum tem o direito de proibir qualquer tipo de união entre qualquer tipo de casal, isso é uma coisa pessoal. E até onde eu sei o Estado já não é mais ligado à Igreja há algum tempo, na maioria dos países, pelo menos. É o que chamam de Estado laico. Sendo assim, o país que é um Estado laico, tem como único motivo para proibir o casamento homossexual o (desculpa a expressão) maldito preconceito. Tudo bem, pode não ser o "natural" ver um casal de homossexuais, estou falando biologicamente e me referindo apenas a questão de reprodução. Pois é uma coisa natural, sim. Existem algumas espécies na natureza como o grande rei da selva, é, meus amigos, o Leão, uma espécie de primatas, os Bonobos, o Golfinho-rotador, os Cisnes-negros, os Bisões Americanos, entre outras espécies. Não acredita? Vai no google, amigão. E olha uma foto do Rei Leão fazendo um afago no seu parceiro:


               E também olha essa reportagem aqui! Estamos caminhando para a comprovação científica de que ser gay não é uma escolha e sim algo que o próprio DNA define, já existem várias pesquisas sobre o assunto e eu acredito que desde os primeiros anos de vida já se consegue dizer se a criança é gay ou não. Mas eu acredito que tenha uma grande diferença entre o verdadeiro homossexual e a "bicha louca" (desculpa a expressão), de verdade, acho que esse segundo "vira" gay só pra chamar atenção (sem falar que não acredito que dê para "virar" gay, como já disse, para mim é uma coisa que vem desde o nascimento), aquele que grita, faz questão de mostrar que é gay e ponto final. Eu não saio por ai gritando e fazendo questão de mostrar que sou heterossexual e os que héteros que fazem isso, desculpa, vocês são gays que ainda não tiveram coragem de sair do armário. É o que falam, se você é alguma coisa, você não precisa ficar afirmando e reafirmando para os outros isso, apenas seja e seja feliz. E não, eu não acho agradável ver um casal se agarrando de uma maneira chamativa e quase nojenta na minha frente, tanto faz se esse casal é hétero ou homo, me sinto incomodada da mesma maneira.
                Tudo isso foi dito para que se entenda que o amor entre um homem e uma mulher, um homem e um homem e uma mulher e uma mulher, não é diferente, é o mesmo amor. E o meu Deus, pelo menos, é a favor do amor. Tudo bem, ele pode até não ter planejado esse tipo de amor, mas esse mesmo Deus, pelo menos o meu, não planejou as guerras, não planejou a fome, não planejou a desigualdade, não planejou a ganância, e a única coisa boa que ele não planejou, essas outras formas de amor, a gente quer impedir, aceitamos todas as ruins, nos irritamos de vez em quando, mas levamos como rotina, ver um mendigo deitado na rua, morrendo de frio, é normal, é cotidiano, mas ver um casal de homens de mãos dadas, é um absurdo! Então, parem de se preocupar se aquele cara tá namorando com outro cara e se esses muitos casais vão conseguir casar e adotar crianças que foram abandonadas ou perderam seus pais e vamos passar a nos importar com aquela criança que está morrendo de fome ou com aquela mulher que carrega um filho na barriga, mas não tem alimento nem para si mesma, vamos nos preocupar com o que realmente importa e parar de nos meter na vida dos outros, deixa eles viverem do jeito que eles querem, foi assim que eles foram criados e é assim que eles vão ser pelo resto da vida, quer você aceite ou não. E que Deus permita que em um futuro próximo aquele adolescente que goste do seu amigo não tenha mais o medo de ir lá e se declarar, que ele não tenha que se esconder, que ele possa viver livre como qualquer outra pessoa. E que aquela menina apaixonada pelo sorriso da sua amiga, não seja agredida por babacas preconceituosos, que eles não existam mais. Que a sociedade aceite essas pessoas. Eu tenho esperança disso, afinal, apenas alguns anos atrás eu estaria escrevendo um texto desse sobre um casamento inter-racial, inter-religioso. 
           Vamos viver livres de preconceitos!




segunda-feira, 25 de março de 2013

Lembra?

                Eu não sei você, mas quando eu lembro da gente me vem a imagem de uma rede na cabeça e nós deitados nela. Acho que é por causa daquele dia, lembra? No hotel fazenda. Você nem deve lembrar. Já se passou tanto tempo, nem me lembro da última vez que eu pude te chamar de "amor", gostava tanto de te chamar assim. Soa estranho te chamar de "Nanda", todo mundo te chama assim, só eu te chamava de amor, só eu podia. Às vezes eu me pergunto se você ainda lembra do meu nome, se você ainda lembra da gente, foi tão gostoso aquele verão que a gente se conheceu. Foi lá em Fortaleza, numa barraca na orla. Você tava sentada com as suas amigas tomando uma cerveja, só você, as outras estavam tomando uma caipirinha ou algo do tipo. Achei irado você tá tomando cerveja, sempre gostei desse tipo de mulher. Passava o jogo do sue time na TV e vi que você não estava prestando atenção na conversa e sim no jogo. Eu ri. Suas amigas pareciam tão entretidas na conversa sobre o ator daquele filme que tinha acabado de estrear, você lembra qual era? Graças a esse jogo eu tive coragem de ir falar com você, perguntei pra quem você tava torcendo e você olhou pra mim, sorriu, tomou um gole da cerveja e falou: "Pra ninguém, só gosto de ver mesmo", eu juro que meu queixo quase caiu naquela hora, puxa vida, além de um sorriso maravilhoso, você gostava de futebol. Começamos a conversar sobre os times, o campeonato, você não entendia muito, mas gostava do assunto, gostava de aprender. Me lembro de ir conhecendo suas manias, você mexia no cabelo a cada 15 segundos, mais ou menos, prendia, soltava, prendia, torcia, soltava e por ai vai, naquele dia até achei que podia ser um certo nervosismo, mas depois do nosso ano juntos notei que era só uma mania mesmo. Você mordia o lábio inferior enquanto eu falava, depois notei que você fazia isso quando estava realmente prestando atenção, nunca te contei que eu sabia disso. Você piscava muito o olho e também o coçava, depois fui saber que isso acontecia quando a lente estava te incomodando. Eu notei em cada detalhe teu, quis decorar tudo, pois eu achava que depois daquele dia você ia sumir e eu não queria te esquecer. Você estava com um biquíni azul e branco, lindo, você tinha um piercing no umbigo, bem discreto, só notei de noite na praia. Lembra daquela noite? A gente ficou deitado na areia procurando estrelas cadentes, era encantador ver como os seus olhos brilhavam de alegria a cada estrela que passava e depois você fechava os olhos e fazia o seu pedido, sempre mexia um pouco os lábios enquanto pedia para estrela coisas que nunca soube, você sempre foi firme quanto ao fato de não poder contar os pedidos. Gosto disso em você, essa sua crença infantil, o jeito que você acredita nas coisas mágicas é muito bonito. Não sei se eu já te falei isso. Acho que eu não te falei muitas coisas que deveria ter dito e acho que esse foi um dos grandes motivos pra você ir embora. Eu sempre achei que você soubesse de tudo isso, mas acho que não. Acho que se você soubesse você não teria ido embora né? Então, meu bem, to te falando tudo por aqui, não precisa voltar não. Mas eu quero que você saiba que você não era uma idiota, eu que era. Eu que não te dei o valor necessário, eu que esqueci que você gostava de futebol e não te chamei pra ir pros barzinhos comigo e com meus amigos. Eu que errei. Eu deveria ter te dito que você foi e sempre será a garota mais incrível que eu já conheci. A garota que sempre vai fazer meu coração bater mais forte. Eu deveria ter te dado o valor que você merecia, desculpa, amor, desculpa. 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dreams don't work unless you do.

               Dizem por ai que se você sonhar com vontade e pedir para a primeira estrela seus sonhos vão se realizar, mas eu não acredito isso, acredito que a estrela te ajuda a ter força e coragem para encarar o seu sonho, ela te dá esperança. Os sonhos não vem assim fácil, se não seria sem graça demais. Tudo que é fácil demais é chato, perde a graça, sabe? Acho que a gente tem que batalhar pelos nossos sonhos, pegar essa esperança que aquela estrelinha te deu e levar pro campo de batalha, suar a camisa sabe? Não adianta ficar ai sentado na cadeira sonhando acordado, imaginando, planejando, levanta a bunda e vai, vai assustado, vai cansado, mas vai, não deixa de ir não, tenha a certeza que depois que você chegar lá, tudo, absolutamente tudo, vai valer a pena. Então, vai lutar pelos seus sonhos, entrega seu currículo naquela empresa, faz aquele teste para aquela novela, se inscreve no The Voice, Ídolos, sei lá. Junta o seu dinheiro e vai fazer aquela faculdade fora que você tanto quer. Coloca a coragem, a força, a paciência e a esperança na mala e pega o seu rumo, seja ele qual for. Não siga a vontade dos seus pais, da sociedade, siga o que o teu coração te fala, ele é quem sabe. Não vai pelo dinheiro, não vai pela fama, não vai pelo caminho mais fácil, enfrenta o leão, o tigre, enfrenta tudo, mas vai na direção do seu destino, do que você quer fazer, do que você sabe que vai ser feliz fazendo aquilo todos os dias da sua vida. Só vai. E eu vou também, to indo, um dia eu chego lá.

Me deixa.

               Deixa eu te contar como foi meu dia, deixa eu encostar minha cabeça no seu colo, deixa eu rir solto quando ouvir uma das suas piadas infames, deixa eu segurar a sua mão quando entrarmos no restaurante, deixa eu bagunçar o seu cabelo, deixa eu passar os dedos delicadamente nas suas costas nuas, deixa eu morder seus lábios, deixa eu te roubar um beijo no meio de uma conversa séria, deixa eu gritar com você sem motivos quando eu estiver na TPM e depois disso me abrace, me dê um beijo na testa. Me deixa te esperar na frente da minha casa, impaciente, deixa eu entrar no carro e elogiar sua roupa, seu perfume, seu cabelo, seus olhos, verdes, os mais verdes que eu já vi. Deixa eu sorrir ao lembrar de você quando sinto seu perfume passando por no meio de uma multidão, deixa eu cantar ou gritar aquela música que eu tanto gosto, deixa eu rir junto com você depois. Deixa eu segurar a sua mão enquanto você não passa a marcha, deixa eu encostar meu rosto no seu peito, deixa eu querer que você me abrace para nós dormimos. Deixa eu sentir a sua respiração, deixa eu sentir seu corpo suado no meu, deixa eu beijar a ponta do seu nariz, Deixa eu gostar de você, deixa eu te amar, deixa eu ser sua, acredite, é isso que eu quero, ser só sua, pelo tempo que for, então, deixa eu começar essa história, que tem um grande potencial de ser linda e longa.

Os desencontros

                Ando distraída, olhando para os lados, te procurando a cada esquina, esperando que talvez naquela próxima virada a gente se esbarre. Eu vou pedir desculpas e continuar andando. Você vai segurar minha mão e perguntar meu nome. Eu vou te achar um louco e vou soltar sua mão da minha. No dia seguinte, talvez no meu almoço de quinta feira, antes de voltar pro trabalho, você vai sentar na mesa do lado. Eu vou te ver, mas você vai estar muito distraído, cansado. Você vai comer rápido e vai embora, sem nem tirar os óculos escuros. Eu vou sentir vontade de ir atrás, mas que loucura da minha cabeça, você é apenas um completo desconhecido, louco, que pergunta o nome de qualquer uma na rua. Você vai parar e sentir que esqueceu alguma coisa, não, não esqueci, minhas chaves, meu celular, minha carteira, tá tudo aqui, você vai pensar, vai entrar no carro e voltar para o seu trabalho. Eu vou terminar meu almoço e voltar para o meu. Uma semana depois eu vou no cinema com as minhas amigas, ver um filme que faz o meu estilo e eu nem sabia que fazia o seu também. Você vai sentar na fileira de trás, vai me ver, rindo de alguma coisa besta que alguma das minhas amigas falou. Eu não vou te ver. Você vai sentar bem atrás de mim, mas você tá com uma mulher, bonita, mas você quer falar comigo, quer pedir desculpas por aquele dia, quer saber meu nome e me contar que você não é louco. O filme acaba e eu me levanto rápido e vou saindo, você levanta e vai descendo as escadas, tem umas três pessoas entre nós. Você pensa em me chamar, mas como, se você não sabe nem o meu nome. Você tenta se apressar, mas ela está de salto e pede para você ir devagar, segura sua mão e você desiste. Eu olho para trás e te vejo. Mas você tá com outra, sinto um aperto no coração. Que coisa engraçada, nem sei o nome dele, eu penso. Um mês se passa e você vai pro clube jogar futebol com os amigos, você se cansa e senta no banco, bebendo água e rindo de alguma piada pornográfica que um dos seus amigos acabou de contar. Eu estou no parquinho brincando com o meu sobrinho, eu te vejo e você sente uma coisa engraçada, como se fosse um arrepio no pescoço, você vira e me vê. Eu desvio o olhar e você ri, perplexo, você vai até mim. Oi, você diz baixinho, eu me viro fingindo surpresa. Oi!, respondo rápido. A gente se conhece?, eu pergunto. Não, não, você diz entre um riso nervoso, a gente se esbarrou faz um tempo na rua e eu perguntei o seu nome, você me chamou de louco. Ah sim! O louco da rua, eu digo rindo, você tá me seguindo?, brinco. Não! Juro que não!, você responde depressa. Eu to brincando, eu sei que não, desculpa por ter te chamado de louco, mas você me assustou, meu nome é Laura e o seu? André. A gente sorri um para o outro e meu sobrinho pede minha atenção. Você esquece o futebol um pouco e fica ali comigo, conversando e brincando com meu sobrinho, esse foi o nosso primeiro domingo juntos.

O brilho nos olhos.

              Talvez um dia ela não se importe mais. Talvez um dia ela não espere ansiosa uma mensagem sua, não olhe para o celular de cinco em cinco segundos. Talvez um dia seu sorriso não faça seu coração pular, quase saindo do peito. Talvez um dia teus olhos não criem borboletas na barriga dela. Talvez um dia o simples encostar da tua pele na dela não faça o corpo inteiro dela ferver. Talvez um dia não seja para você que ela vai querer contar como foi o seu dia. Talvez um dia ela nem lembre mais qual a sua série favorita. Talvez um dia ela não sinta um aperto no coração ao ver aquele filme que vocês viram juntos, o primeiro, lembra? Talvez um dia ela esqueça o perfume que você usava e não sinta um nó garganta ao sentir seu cheiro passar, correndo, no meio da rua. Talvez um dia ela não pertença mais a você. Talvez um dia ela canse de esperar. Talvez um dia ela decida seguir em frente. Talvez um dia ela veja que já não dá mais, já foi. Talvez um dia o amor dela acabe. E talvez nesse dia você se arrependa. Se arrependa de não ter mandado as mensagens tão esperadas. Se arrependa de não lembrar do primeiro filme que vocês viram juntos. Se arrependa de não ter segurado a mão dela quando ela queria. Se arrependa de não ter se importado com o dia dela, que ela sempre contava com um entusiasmo encantador. Se arrependa de não ter notado o quanto ela era linda, de não ter notado o quanto ela gostava de você. Se arrependa de não ter dado valor. É, agora você encontra com ela na rua e ela acena de longe e sorri, mas sem aquele brilho nos olhos que se acendia toda vez que ela te via. Agora esse brilho pertence a outro, aquele loiro bonito que segura a mão dela. Aquele que lhe dá o valor que ela merece. É nesse dia que você se arrepende.

Uma carta de amor para ninguém.

                  Não sei quem de nós dois começou, mas acho que foi você, Acho que foi o seu riso solto, os teus olhos azuis. Acho que foi teu jeito gostoso de me contar histórias. Eu não sei quando começou. Talvez tenha sido no dia que você pegou na minha mão e me puxou pra perto de ti e me olhou, bem no fundo dos meus olhos. Mas acho que não tem como saber quando surge o amor, muito menos o motivo. A única coisa que posso te dizer, com certeza, é que meu amor apareceu com você, para você. Solto todos aqueles clichês, o mundo ficou mais bonito, o céu mais azul, a grama mais verde, o sorriso mais aberto, mais solto e quando eu te vejo, não são apenas borboletas que surgem no meu estômago, eu juro, eu sinto o zoológico inteiro. Tudo que eu mais quero é passar o dia do seu lado, em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa, o importante é que eu esteja contigo, eu e você. Não importa o resto. Quero eu e você agora, quero desafiar o “para sempre” contigo. Quero me jogar nessa aventura maravilhosa e assustadora que é o amor. Com todos os direitos, as brigas, os beijos, os abraços, as mãos dadas, o carinho, a companhia, a parceria. Quero tudo isso para nós. Quero você.

Meant to be.


            Procurou no meio da bagunça aquele bilhete antigo, aquele que ela guardava com carinho, mas a mudança bagunçou tudo. A caixinha de lembranças aonde ele estava foi jogada fora e o bilhete ficou no meio de outros tantos papéis sem significado. ACHEI! Ela gritou para ninguém já que tinha acabado de se mudar para o seu próprio apartamento. Abriu o papel amassado e meio rasgado, ficou com dó de vê-lo naquele estado. Leu as palavras carinhosas em voz alta entre os soluços saudosos que já não conseguia mais segurar. A saudade tava forte, expulsando todas as lágrimas guardadas durante aqueles dois anos. 
            “Você é a moça mais linda desse bar… perdão, do mundo. Eu te amo muito e desculpa não ter conseguido ir hoje. Não deixa nenhum idiota chegar perto de ti, você é a minha pequena e só minha, te vejo amanhã. Te amo. Te amo.”
             Eles namoraram por mais alguns meses depois desse bilhete, mas ele teve que voltar para os Estados Unidos e ela ficou no Brasil, tinha que terminar a faculdade. A vida foi passando e os dois perderam o contato, ela nem teve a oportunidade de contar que tinha conseguido um emprego em Los Angeles, não era onde ele morava, mas era mais perto pelo menos. Ele era do Texas. Ela colocou o bilhete na frente do retrato com a foto dos dois que ela ainda guardava e voltou a desempacotar as caixas. Depois de terminar foi sair para comer alguma coisa. Tinha um restaurante bem agradável perto do seu prédio, pediu sua comida e sentou na varanda para esperar. Enquanto terminava seu café notou um menino de toca, com os cachos loiros escapando dela, a barba mal feita, um sorriso de tirar o fôlego. “Será? Não, não, estou imaginando coisas” ela pensou. Seus olhares se cruzaram, ele parecia assustado, chocado. Ela tirou os óculos escuros. Ele levantou e veio na sua direção, ela não o reconheceu (não quis reconhecer) até quando ele estava a quase um metro de distância dela. 
- Nina? - ele perguntou chocado.
- NATE?!?! - ela gritou, já pulando nos braços dele. 
- Que saudades! - os dois disseram juntos. 
“Se duas pessoas foram feitas para ficarem juntas, eventualmente acharão o caminho de volta”

P&B

              Não sei o que responder quando me perguntam como estou, falta sentimento para descrever, mas eu me sinto meio em preto e branco, como uma obra inacabada, meio sem voz, sem nada. Acho que todas as mágoas me trouxeram pra esse estado. Me sinto indiferente com tudo, não faz diferença o que acontece ou deixa de acontecer, nada me comove, nada mexe comigo, não sinto mais borboletas, não sinto nada. Mas, é como dizem por ai, é preciso de um pouco de escuridão para enxergar as estrelas. Eu enxerguei a minha, não te conto qual é, mas eu sei, que é na direção dela que eu tenho que ir. Espero pelo momento que me aproxime dela e as cores comecem a voltar, mas espero, sem pressa, entendi que preciso desse momento para chegar lá, aquelas tais fases da vida, passei por uma fase turbulenta cheia de emoções e altos e baixos, cheguei nessa fase mais calma, porém angustiante e caminho na direção das emoções de novo, porém, acredito, que dessa vez vou saber lidar com elas, não haverá turbulências, mas sim uma paz enorme, é nessa direção que caminho e por esse caminho sigo sozinha, cada vez mais gostando do que estou me tornando e do que em um futuro, próximo ou distante, eu serei.

Metrô.

                A luz do dia passava pela cortina e tocava delicadamente a pele dourada dela, abriu os olhos devagar e se levantou preguiçosamente, esticou os braços o máximo que pode e deitou de novo. “Levanta, você tem que levantar”. Pulou da cama e foi direto pro chuveiro, deixando peças de roupa pelo caminho. Encostou a cabeça na parede e deixou a água cair. A noite anterior não tinha sido a melhor da sua vida, brigou com a amiga, a festa foi chata e ele ficou com outra. Terminou seu banho e foi comer, pegou um iogurte na geladeira, escovou os dentes e foi para o trabalho. Ah, Nova York! Respirou aquele ar cheio de pressa e stress. Só mesmo essa cidade para alegrar sua vida. Correu para o metrô e, como sempre, perdeu. “Sempre chego atrasada, ninguém vai reparar”. Sentou no banco do metrô e esperou o próximo. Acabou se distraindo com as pessoas passando e nem notou o homem alto, loiro e forte que sentou ao seu lado. “Oi!”, ele disse. Ela saiu do transe de imaginar o que as pessoas fazem da vida e olhou para ele, belos olhos verdes, ela pensou. Ela deve ter ficado alguns segundos olhando para ele. “Oi!” ela lembrou que tinha que responder. “Adam”, ele se apresentou. “Julie, prazer”. Ela ficou assustada com um homem desconhecido puxando papo com ela no metrô e teve que mentir o nome. “Você é daqui?” ele perguntou. “Não... Dá pra notar?”, isso era verdade. “Dá, nova iorquino nenhum perderia o metrô e simplesmente sentaria no banco para esperar o próximo” ele disse rindo. “Você tá me seguindo?”, ela perguntou assustada. “Não, juro, não sou um louco que persegue ruivas lindas por ai.” ele respondeu. “Espero que não, mesmo. E obrigada, pelo “ruivas lindas”“. Eles riram e conversaram até o trem dela chegar, ela levantou rápido lhe deu um beijo e entregou seu cartão. Quando ia entrar no metrô ela virou e falou “Meu nome é Katy, na verdade, achei que você era louco e menti, perdão”. Ele riu e a porta do metrô fechou na frente dela antes que ele pudesse responder qualquer coisa. Ela chegou em casa depois do trabalho e notou que tinha esquecido o celular em casa. 7 mensagens não lidas, 10 ligações perdidas. Nenhuma do Adam, todas do idiota de ontem à noite. “Sinto sua falta”, “Perdão”, “Eu te amo”. Ela sentou no sofá e leu todas aquelas mensagens, escutou os recados. Ele parecia tá falando a verdade. Ela ia ligar pra ele, ela não conseguia ficar longe dele. Até que um número desconhecido ligou. “Alô?” “É o Adam. Desculpa só te ligar agora, mas eu tava no trabalho e acabei de chegar em casa.” “Tudo bem, eu também.” “Como foi seu dia?”. Ela sorriu quando ele perguntou aquilo, ela sempre dizia que só queria um cara que quisesse saber como tinha sido o seu dia. Ela dormiu feliz naquela noite e a ligação que ia ser feita antes do Adam ligar, nunca foi feita. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Cal-amaria, calmaria

             Sabe o que eu quero? Eu quero que coloquem meu cabelo pra trás da orelha, quero beijo suave, mão dada, cinema. Quero calmaria, quero amor. Cansei de paixão, paixão é complicado, paixão vêm com exigência, ciúmes, chatice. Amor, pra mim, é calma, é compreensão, é “vem cá, eu te ajudo”, é um beijo na testa, um abraço apertado, um toque suave, uma cumplicidade, é confiança, é aquilo que a distância não destrói. Isso é amor. O amor não pode ser tão complicado que nem dizem por aí. Não acredito nisso, pra mim quando se encontra o amor de verdade é como se tudo se encaixasse e tudo ficasse mais fácil, a respiração fica mais leve, o riso fica mais solto, os olhos brilham mais. Pra mim é isso, uma coisa simples, fácil e calma, muito calma.

Desperdício.

          Não quero falar sobre coisa séria, mas a sensação de que eu to deixando algo pra trás tá tirando meu sono, parece que todos os erros que eu já cometi decidiram me atormentar, hoje, eu sei que sempre digo que os erros são lições aprendidas, mas certas lições eu ainda não aprendi, talvez eu tenha que cometer o mesmo erro mais algumas vezes pra aprender. Tudo que eu queria hoje era um abraço teu, só isso. O abraço que só você sabe dar, um abraço que tira o meu ar e ao mesmo tempo me faz sentir tão viva e tão… amada. Você sempre cuidou de mim… e, não sei, talvez isso vire uma carta que eu vá entregar pra você se algum dia a gente se esbarrar por ai, lembra como a gente se mandava bilhetinhos? Tenho alguns guardados. Eu te desperdicei, eu me desperdicei, eu desperdicei a gente.

Complica não.

             Sabe o que é? É que eu não to mais desesperada, se eu tiver que esperar, eu vou esperar, eu só quero que tudo dê certo sabe? Hoje, amanhã, daqui um ano, tanto faz. E é por isso que eu não to correndo atrás, é por isso que eu to tão tranquila, não é que eu não goste, nem que eu não queira, é só que eu não sei. Não sei se é isso que eu quero, não sei se é agora que eu quero. Pela primeira vez na vida, eu to bem sozinha. Amaria ter alguém pra compartilhar todos os momentos, ir no cinema ver um filme abraçadinho, mas eu não preciso disso. Posso ir no cinema sozinha ou com uma amiga. Já não tenho mais aquela necessidade de saber se você ou qualquer outro me quer de volta, não preciso receber uma mensagem sua, não preciso falar contigo. Eu só preciso de mim, preciso estudar, preciso respirar, preciso ir pra academia, preciso comer, disso eu preciso mesmo. Mas de você, dele ou do outro, não, não preciso. Eu to bem do jeito que eu to e a última coisa que eu quero agora é mais uma confusão na minha vida. Tá tudo se ajeitando na minha cabeça devagarinho, então, por favor, não bagunça tudo de novo, tá? Não me estraga de novo. Me deixa quieta aqui, se você me quiser desse jeito, meio indiferente, tudo bem. Mas não espere que eu te ligue, que eu corra atrás, você que vai ter que vir. Pra mim não faz diferença, se pra você fizer, corre atrás, me faz te querer, faz eu me apaixonar, mas não faz eu precisar de você e não precise de mim. Eu preciso de mim e você precisa de você, mas a gente pode se gostar. Quero coisa simples, por favor. 

Alguém.

        Tu veio assim meio que de repente, surgiu de dentro da fumaça, e eu gostei, gostei de você. Mas agora eu já não sei mais. Preciso de alguém que me faça companhia, me faça bem, me faça rir, alguém que eu saiba que vai estar todos os segundos do dia, todos os dias da semana, comigo e só comigo. Preciso de alguém que seja meu, só meu! Preciso de alguém que goste de mim, só isso.

O calor da chuva.

              A chuva traz um sentimento de nostalgia, calma, amor. Traz lembranças, lembranças criadas, de uma noite qualquer, de um verão qualquer, de uma pessoa específica. Me leva pra praia, me leva pra bem perto do mar. Sinto as ondas indo e vindo na ponta dos meus pés. Sinto sua mão no meu cabelo. Vejo seus olhos sorrindo pra mim. Isso tudo fruto da imaginação que a chuva me traz. Eu fico aqui criando vários “se”, “talvez”, “seria bom”. Mas sabe o que seria bom de verdade? Ter você aqui bem debaixo desse cobertor comigo. Comendo pipoca, vendo mais um filme besta, que você provavelmente reclamaria e, com certeza, ia rir ao ver que eu chorei. Ia enxugar as minhas lágrimas, me chamar de boba e me dar um beijo na ponta do nariz. Bom, pelo menos é isso que eu gostaria. Eu queria esse amor bobo, esse amor simples. Só esse amor. Mas, como dizem por ai, nada na vida é simples, principalmente o amor. 

Simples assim.

            Dizem que as mulheres são complicadas, que é difícil saber o que elas querem. Pois eu te digo que não é tão difícil assim. A gente só quer que vocês se importem. A gente só quer uma mensagem de bom dia, boa noite. Só quer que vocês liguem pra perguntar como a gente tá. Só quer que vocês liguem no meio da noite e riam quando a gente xingar até a sua 10ª geração e depois se derreta toda ouvindo vocês dizerem que ligaram pois não paravam de pensar na gente. É só isso, essa atenção, esse carinho, essas coisinhas pequenas. Isso sim conquista uma mulher! Flores no meio da semana sem motivo algum. Um abraço apertado quando a gente tiver com raiva. Uma mordida na orelha só pra provocar. Uma ligação inesperada, um eu te amo que veio do nada. A gente quer que vocês não tenham vergonha da gente na frente dos seus amigos. A gente é carente, romântica. Precisamos disso pra nos apaixonar. Sabe quando tá tudo dando errado? A gente só precisa que vocês segurem a nossa mão e digam que vai tá junto da gente. É simples. Fazer cócegas na gente, roubar um beijo. Nos irrite, provoque ciúmes, mas que seja inocente, que seja besta e depois nos dê um beijo na testa e diga “eu te amo, sua boba”. Não complica, não precisa fazer declarações monumentais de amor, não precisa escrever no céu que nos ama, não precisa ter ciúmes de cada cara que passou, passa ou vai passar na nossa vida. Não precisa de tanto, são nas coisas simples que “as mina pira”, é muito simples. 

Tu.

         Hoje a lua chegou me trazendo lembranças, suas, é claro, não sei, mas foi assim de repente, antes de deitar me deu um aperto no peito, aquele que eu já sei exatamente o que é, aquele que só vem quando eu lembro de você. É, a lua sussurrou no meu ouvido o seu nome e roubou um sorriso, um sorriso meio triste, meio saudoso, aquele sorriso que só vem quando é você. Lembrei de tudo, chorei, um choro cheio de saudade, mas aliviado. Aliviado. Ufa! Você faz falta, é óbvio. O que a gente viveu foi lindo. Algumas partes. O alívio vem das partes ruins, das noites que chorei, de tudo. Você me fez um bem danado, mas fez ainda melhor depois que se foi… Acho que essa era sua missão na minha vida, me fortalecer, ver que eu tenho valor, que eu mereço o melhor. A lua agora sorriu pra mim e me mandou seguir em frente, te deixar ir, achar alguém que me mereça, alguém que me faça bem.

Apesar dos pesares.

           A gente não pode desacreditar no amor só porque alguém te magoou, o amor é muito lindo, perfeito, pra que querer esse sentimento tão puro fora da sua vida? Nunca perca a fé no amor, nunca. O amor está em todos os cantos, está no olhar de uma mãe pro filho, está na lambida que o cachorro te dá de manhã, está no entrelaçar dos dedos de um casal, está no abraço saudoso de velhos amigos, está na risada da criança, está no tempero especial que só a sua vó sabe fazer, está em cada esquina, cada suspiro da menina sentada no quarto ouvindo músicas recheadas de amor. Está espalhado por aí, nunca deixe alguém te fazer esquecer o que é amar, nunca.

Pra ti, desconhecido.

             O triste é saber que, sim, eu ainda penso em você, eu ainda sinto borboletas no estômago só de escutar seu nome, eu ainda sonho com a gente, nós dois, juntos, o piquenique no zoo que você me prometeu, o cinema, o beijo. Ainda lembro daquela noite, a primeira vez que dissemos “adeus”, o beijo delicado que você quase me deu, foi na trave, como dizem, você não podia, como você disse. Eu não sei porque, nem como, mas ainda tem uma voz, uma coisa, uma sensação dentro de mim que grita, implora, pra eu não desistir de você. Você me magoou, me fez chorar incontáveis vezes, mas eu não consigo aceitar que esse seja o nosso destino. Sou estúpida ao ponto de achar que você pode gostar de mim, fui burra o suficiente ao achar que conseguiria te substituir, mas eu não consigo! Eu não consigo te odiar, nem por um segundo eu te odiei. Morri de raiva, mas foi porque não deu certo, não foi do jeito que eu tanto sonhei. Eu nunca vou te odiar, nunca. Eu preciso saber, se a gente tentasse, se ia dar certo. Tenho esse sentimento dentro de mim, aquela frase que me tortura, que me consome, que me mata aos pouquinhos, “e se?”. E se aquele beijo tivesse se prolongado? E se você tivesse me ligado? E se… E se a gente tivesse junto? Algo dentro de mim diz que eu estaria feliz… E você também. Posso ser a pessoa mais idiota desse mundo por sequer considerar essas possibilidades, por ainda gostar de você, por ainda me importar. Mas, eu posso dizer isso com certeza, nunca senti nada parecido com o que eu sinto por ti por qualquer outra pessoa, nunca. Podem dizer que é só porque eu não consegui o que eu queria, mas não acredito, não posso acreditar que toda essa dor que eu carrego dentro de mim seja apenas por “um brinquedo que eu não ganhei”, não pode, não é. Tu é minha sina, moleque. E eu nunca vou te esquecer, mas já passou da hora de deixar pra lá, guardar a dor em um cantinho e tentar viver, tentar me apaixonar, tentar confiar. Ta na hora de te deixar de lado, já passou da hora. Te agradeço por me ensinar o que é gostar de alguém e imploro, rezo, que um dia outra pessoa desperte esse mesmo sentimento em mim, mas, que dessa vez, seja recíproco e pra sempre.

Fica.


           Desculpa te escrever tudo isso, eu sei que você gosta de olho no olho, mas você sabe como eu sou.  Eu sou melhor escrevendo, falando eu me engasgo, eu me embolo, eu não sei me fazer entender. Talvez eu me embole um pouco por aqui também, sabe como é, você me deixa nervosa. Imagina se eu falasse que eu te amo olhando nesses seus olhos azul do mar, não, não, minha voz ia falhar, você não ia entender o que eu quero dizer. Então, presta atenção, lê devagar e repete quantas vezes for necessário pra você entender que eu não quero mais ficar sem você. É isso mesmo, não dá. Eu não consigo imaginar minha vida sem teus olhos que parecem tão delicados, tão infantis, perto dessa tua sobrancelha grossa.                                              Pensa bem, quem ia me arrancar aquelas gargalhadas que só você consegue, só você! E você sabe disso, você sabe que eu me derreto toda quando você faz aquela careta fofa, você sabe que eu amo o jeito que você bagunça meu cabelo. Imagina se um dia eu vou conseguir acordar sem seus braços em volta de mim, sem aquele sentimento de segurança que só esses braços lindos, cheios de tatuagem, eu amo seus braços, eu amo suas tatuagens. Eu não sei se você tá entendendo, mas é sério isso. Você consegue despertar o melhor em mim, por mais clichê que isso possa parecer, mas é verdade. Você traz o meu lado aventureiro, leve.  Mas esse seu lado é que tá te fazendo me deixar agora, eu gosto dele, mesmo, mas você precisa ir embora assim tão rápido? Encara essa aventura, a aventura de ficar. Eu sei que você vai dizer que tem que ir, que seu tempo por aqui acabou, mas pensa por esse lado. Olha só, sabe aquele sorriso que você diz que tanto gosta, pois é, ele é seu e se você se for ele vai junto contigo. Não vai não. Deixa eu curtir mais um pouco das nossas tardes de domingo na praia. Fica aqui comigo, fica. Só mais um pouco. Eu quero poder ver teus olhos, tua boca, ah, tua boca, cercada por aquele arame farpado que você chama de barba, mas você sabe que eu gosto. Você sabe que eu gosto de você, gosto do seu jeito solto, do seu sorriso frouxo e eu gosto do jeito que você gosta de mim, gosto do jeito que você cuida, gosto de quando você pega na minha mão e me puxa pra perto quando algum homem chega perto de mim em alguma festa como se você gritasse para o mundo que eu sou sua, eu gosto de ser sua. Eu te amo, besta, fica mais um cadinho, vem comigo nessa aventura nova.