sábado, 9 de novembro de 2013

Um pequeno trecho do amor.



        Os dedos se confundiam uns com os do outro, a barba se arrastava no meu pescoço, os arrepios se espalhavam pelo meu corpo, pouco a pouco, acompanhando a ponta de seus dedos que faziam um reconhecimento do território que era dele. Um sussurro ao pé do ouvido, um beijo na bochecha, um sorriso largo, um beijo na ponta do nariz. Volta e revira e joga e mexe e puxa, uma confusão gostosa e coreografada no improviso. Os beijos e os toques variavam a intensidade conforme nós combinávamos inconscientemente, os sorrisos não saiam dos nossos rostos, a mão dele apoiava a minha cabeça e um beijo digno de um Oscar. O ar fugia de nós e recuperávamos juntos, depois mais um beijo. Nossos dedos entrelaçados acima de nossas cabeças e um gemido abafado pelo beijo. Sorrisos.
      Ele se deitou ao meu lado e roubou um beijo na ponta do meu nariz, me puxou pra si e eu me aconcheguei no seu abraço. Ficamos alguns momentos em silêncio, as respirações foram desacelerando aos poucos e ele beijou o topo da minha cabeça. Eu virei, apoiando minha cabeça nas minhas mãos e fiquei ali o observando, ele sorriu. Estiquei-me e lhe dei um beijo sem pressa, ele segurou minha nuca, nossos olhos se prenderam e passamos um tempo com os narizes colado, com os olhares presos. Ele suspirou, eu sorri. Ele me deu um beijo.
- Eu te amo. - ele soltou como um sopro entre os nossos milhares de beijinhos. Eu beijei a ponta do seu nariz.
- Eu amo você. - eu sussurrei no seu ouvido, senti o seu corpo se arrepiar e ele beijou meu pescoço.
        Nos aconchegamos na certeza do nosso amor à flor da pele, no amor culpado pelas batidas aceleradas do coração, na falta de ar, nos arrepios. Nos aconchegamos um no outro, no abraço, no peito, no calor. Dormimos com a tranquilidade de sermos um do outro sem nos prender, sem nos perder. O nosso amor sem muitas regras e um pouco fora do convencional, mas nosso amor.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

It feels like home to me.


Ele não era o mais bonito. Seu rosto não seguia as proporções certas, talvez seus olhos fossem meio caídos, mas sempre tive uma queda por defeitos charmosos. Na verdade, sempre tive uma queda por homens charmosos e aquela touquinha meio caída, aquele sorriso torto, a risada estranha e solta, tudo nele era a definição de charme. O papo fluiu, ele pegou minha mão enquanto eu ia buscar minha cerveja no meio da mesa e eu sorri. Posso soltar um milhão de clichês aqui para descrever o nosso primeiro beijo, toda aquela história de fogos de artifícios e tenho certeza que se estivéssemos em pé, o meu pé ia levantar. O formigamento foi geral e o sorriso-pós-primeiro-beijo surgiu sincronizado nas duas bocas. Mais papo furado, planos, sonhos, tudo foi compartilhado. Apesar de ainda não saber seu sobrenome, já sabia que seu sonho era ter um cachorro "desses feios e pelados", por que ele gostava de ser diferente e gostava das coisas estranhas. Viramos o final de nossas respectivas cervejas, ele pediu a conta. Pegou minha a mão e foi me levando na direção da rua. A ponta da touca balançava conforme se movimentava, ele olhou pra trás e sorriu, naquele momento que eu tive a certeza que tava ferrada, meu coração derreteu um pouco e eu sorri. 

Ele assobiou e um táxi parou, eu entrei enquanto ele fazia uma reverência engraçada, como se eu fosse uma princesa, ou algo assim, sorri constrangida, ele riu e sentou ao meu lado dizendo o seu endereço para o velho taxista bigodudo. Eu o olhei questionando o endereço, ele disse que queria me mostrar uma coisa, perguntou se queria ir pra o meu hotel e eu ri, respondi com um balanço negativo da cabeça. Ele sorriu, um tanto aliviado, o que só me fez rir mais. Ele me puxou pra si e ficou abraçado comigo até chegarmos em seu prédio e era exatamente do jeito que imaginei, simples e bonito. Ele pagou o taxista e segurou a porta pra eu sair, envolveu minha cintura e foi me guiando, subimos três lances de escada e ele apontou pra uma porta com um filtro dos sonhos pendurado na porta, eu sorri. 

Nós entramos no seu "cafofo", como ele mesmo descreveu, eu tentei memorizar aquele espaço tão dele, o sofá era bonito e limpo, a televisão era enorme, tinha dois videogames, que eu logo fui investigar os jogos. Ele disse pra eu ficar à vontade e foi na cozinha. Espiei a estante enorme e vi vários livros que também estavam na minha estante. Espiei pelo corredor estreito e vi três portas, duas de frente uma pra outra e a última bem no fim do corredor. Coloquei minha bolsa em cima da mesa de jantar, peguei um livro que amava na estante e sentei no sofá. Ele tinha marcado a mesma página que eu. Sorri ao ver o amarelo destacando minha frase favorita. Ele voltou com duas cervejas e dois pedaços de bolo de chocolate, eu abri um sorriso largo, ele riu e disse que tinha feito mais cedo e precisava dividir com alguém. Elogiei o bolo depois de uns três pedaços, ele suspirou aliviado e eu ri. Depois de alguns minutos de concentração no bolo, perguntei o que ele queria me mostrar, ele sorriu e entrou na última porta do corredor, voltou com um violão e disse que quando me viu só conseguiu lembrar de uma música e precisava cantar pra mim. Eu ri, ele disse que era sério e eu sorri e expliquei que ria quando tava nervosa. Ele riu. Tocou uma música linda de algum cantor country, confesso que me surpreendi com a escolha da música e, também, que meus olhos lacrimejaram.

Depois da música ligamos um dos videogames e jogamos vários jogos, cansamos e ligamos algum filme meloso que eu escolhi, ficamos ali abraçados vendo filme, ele fazia cafuné com uma mão e acariciava minha mão com a outra, acabei dormindo e acordei no dia seguinte na cama dele, estiquei o braço e senti o vazio do meu lado, levantei e tentei descobrir qual das outras duas portas era o banheiro, escutei uma voz sonolenta que vinha da sala avisando que era a da direita, me arrumei o máximo que pude e fui para a sala. Perguntei se ele tinha dormido ali a noite toda, ele concordou com a cabeça ainda um tanto sonolento, coloquei sua cabeça no meu colo e fiz cafuné. Ele sorriu. Fizemos o almoço juntos e eu fui embora depois do lanche da tarde, ele me acompanhou até a rua e chamou um táxi pra mim. Nos despedimos com um beijo e ele pediu pra eu ficar. Pedi pra ele vir comigo, ele sorriu e entrou no táxi. No meu hotel, tomei banho, quando sai ele estava sentado na cama, olhando para o teto, meio distraído. Perguntei se tinha algum problema, ele forçou um sorriso e disse que ia sentir minha falta, eu sorri. 

- É sério, eu sei que você vai embora depois de amanhã, mas eu não quero acreditar nisso, eu sei que a gente se conheceu ontem, mas parece que faz um milhão de anos. Você sabe segredos meus que nem meus melhores amigos sabem e eu acho que sei os seus também. Quando eu te pedi pra ficar antes de entrar no táxi, era pra você ficar pra sempre, não só hoje, nem só amanhã. Fica. - ele pediu com algumas lágrimas nos olhos, eu endureci e me assustei - tenho essa reação quando alguém diz algo bonito pra mim -, ele mordeu o lábio inferior e eu sentei ao seu lado.

- Eu não sei o que falar, ninguém nunca foi tão legal comigo. Você me passa sensação de confiança, de lar, sabe? É, realmente, como se eu já conhecesse seus olhares, seus sorrisos, na verdade, eu já conheço. Eu te conheço e você me conhece mais do que muita gente que já tá com a gente há vários anos. Mas... - suspirei e ele olhou pro teto - Eu não posso ficar, eu tenho que terminar minhas coisas lá em casa, não dá. - lhe dei um beijo na bochecha e ele me abraçou forte. 

- Então, fica mais uns dias, adia sua volta. - ele praticamente suplicou e eu concordei. Ele sorriu. Ia ficar mais uma semana, nos contentamos em ter mais sete dias pra nós. Dormimos juntos, passeamos no parque, fomos ao cinema, ele me deu flores, me deu vários beijos-surpresa, escreveu uma música pra mim, eu escrevi um texto pra ele, nadamos no lago, criamos uma coisa linda entre nós e, finalmente,  nos apaixonamos. Eu voltei, mas pela primeira vez na minha vida, dei uma chance ao amor e, principalmente, ao amor à distância, nos dedicamos, nos vemos sempre que podemos, nos amamos e eu tenho certeza que encontrei a pessoa certa naquela noite quente, naquele bar no centro de São Paulo, já faz dois anos e no meio do ano que vem vamos ficar juntos de verdade, ele conseguiu um emprego aqui no Rio, já arrumei meu apartamento pra quando ele chegar e, finalmente, poder ser o nosso apartamento. Que venha o resto das nossas vidas. 


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

-Semtítulo-


Não te peço muito, no máximo um carinho ou dois
Também, um pouco de cuidado
Comigo, contigo
É que eu já andei por uns caminhos errados
Mas de uns tempos pra cá
Tá tudo ok
Posso dizer que achei um caminho
Pra chamar de meu, sabe? Pra ser eu
Talvez você queira vir nele comigo
Pode também misturar
O seu, o meu, a gente
Até me bagunça, se quiser
Só não me machuca, nem se machuca
E, ah, não me deixa fugir
É só que, às vezes, eu tenho medo de ser feliz.




terça-feira, 10 de setembro de 2013

Timing.


Um sorriso se destacou entre aquelas luzes coloridas e aquela música sem sentido. Ele levantou a garrafa de cerveja como um cumprimento e sorri de volta, sem graça, fitando meus pés logo em seguida... Ele tinha esse efeito sobre mim. Ele deixou algum dinheiro no bar e foi andando na minha direção, meus pés dela saíram do chão quando os braços fortes e tatuados dele me envolveram, me apertaram.
- Quanto tempo, pequena. - ele sussurrou no meu ouvido causando arrepio instantâneo em lugares que eu nem lembrava que arrepiavam. Eu apertei seus ombros o mais forte que pude e lhe dei um beijo na bochecha. Sussurrei um "oi" meio sem jeito, meio ou cheio de saudades. Meus pés voltaram ao chão... Mais ou menos. Eu ajeitei meu cabelo, numa tentativa de parecer casual. Ele sorriu. Colocou uma mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha e olhou pra minha alma, me senti nua ali na frente daqueles olhos que já me conheciam tão bem, mas que ao mesmo tempo pareciam tão estranhos. 
- Quanto tempo. - falei mais pra mim que pra ele. Ele gritou perguntando o que eu tinha falado, a música estava mais alta do que antes ou eu apenas tinha voltado a escutá-la. Balancei a cabeça em negativo e ele riu. 
- Vamos pra outro lugar? - ele perguntou no meu ouvido, dessa vez sem sussurrar, o que causou um certo incômodo. Olhei desconfiada pra ele. - Pra gente conversar, mocinha. - Ele brincou e passou o dedo na linha do meu maxilar e depois apertou meu nariz. Ele sempre fazia isso. Fiz que sim com a cabeça e ele pegou minha mão e o choque se espalhou pelo meu corpo. Porém, nada de dedos entrelaçados. Não sei se fiquei mais aliviada ou decepcionada. Ele pagou o que consumimos e me levou pro restaurante na rua de baixo da boate. Era uma pizzaria qualquer que ficava aberta 24/7 e tinha atendentes nada simpáticos. Não trocamos uma palavra até sentarmos de frente um para o outro, naquela cadeira gordurenta, éramos apenas nós dois e os antipáticos. 
- Caraca, que saudade. - ele soltou meio do nada, me pegando de surpresa enquanto respondia uma mensagem de uma amiga. Guardei o celular e vi seus olhos brilhando do jeito que eu sempre gostei e sempre foi um brilho só meu, só pra mim.
- Quase um ano... - falei meio reflexiva, ele fez uma cara triste. Eu fiz biquinho e ele riu. Pulou para a cadeira ao meu lado e me abraçou. Ficamos sem falar por alguns segundos, meus olhos encheram de lágrimas. Soltei-o antes que as lágrimas fugissem. - É, eu senti sua falta. - confessei. Ele olhou minha alma de novo e me deu um beijo na ponta do nariz. Continuou com um braço em volta do meu ombro e a pizza chegou. Frango. A favorita dele. Nunca entendi, mas aprendi a gostar. 
- Nunca entendi o motivo de você ter ido embora. - ele falou olhando pro teto depois de quase engolir a pizza sozinho. Eu engoli em seco e fechei os olhos. Eu que tinha ido embora, mas eu precisava ir.
- Não faz isso. - implorei. Ele mordeu o lábio inferior e sacudiu a cabeça. Eu sabia que ele não ia desistir. Tinha adiado aquela conversa, mas não ia passar daquela noite. - Eu tive que vir pra cá! Eu tinha passado na faculdade e precisava vir. Era meu sonho. - cuspi as palavras tão rápido que não sei como ele entendeu, mas ele sempre me entendia. 
- Eu sei disso. - ele sussurrou. - Mas por que você deixou a gente? Você sabia que eu vinha pra cá depois. 
- Eu precisava vir sozinha.
- Você não me queria mais.
- Sempre te quis, nunca deixei de te querer por um segundo nesses 11 meses. Mas eu precisava viver um pouco sozinha. Nossos dois anos juntos foram intensos e você sabe que eu me apavoro com essas coisas e... A gente ia ficar longe por muito tempo, eu tinha medo de não dar certo essa história de distância pra gente. Desculpa, tá? Foi puro medo de fazer alguma coisa errada e de te perder de vez. - falei segurando as lágrimas que estavam presas na garganta. Ele fechou os olhos e sorriu um pouco.
- Eu entendo. Você me deixou pra viver um pouco a vida solteira e curtir o primeiro ano da faculdade.
- NÃO! - quase gritei e ele pulou com o susto. - Não foi isso, Alex, não foi. Eu tinha medo de fazer algo de errado e te magoar, nunca fui boa em relacionamentos, imagina em um a distância! 
- Você é ótima com relacionamentos. Pelo menos comigo.
- Eu sou a minha melhor versão contigo. - disse baixinho, mais pra mim que pra ele. Ele sorriu, dessa vez de verdade. - Desculpa, Al. De verdade, foi medo de errar. Não to te pedindo pra voltar, nem sabia que você já tava aqui, na verdade. Mas eu ainda te amo e tive que me segurar todos os dias pra não te ligar, não voltar pra aquela cidadezinha-lixo. Nem por um segundo eu deixei de te amar. - soltei olhando nos seus olhos e algumas lágrimas escaparam dos meus olhos e uma escapou dos dele. Ele olhou pro chão e pro teto.
- Sabe qual o seu problema? Você não confia em você. Porra, Gi. Eu confio em você. Sempre confiei e vou sempre confiar. Eu acredito em você e queria que você fizesse o mesmo. - ele falou segurando meu rosto. Balancei a cabeça com um sorriso aliviado.
- Eu precisava desse ano pra mim, pra aprender a fazer essas coisas por mim e comigo, sozinha. - disse. Ele abriu um sorriso largo. - E eu aprendi, eu confio em mim agora, eu sei que eu sou capaz de tudo que você sempre disse que eu era. - Ele me deu um beijo. Meu coração quase parou.
- Volta pra mim? - ele sussurrou com as nossas testas coladas uma na outra.
- Eu não sou mais aquela menininha assustada e desconfiada, você ainda me quer? - eu brinquei.
- Eu nunca acreditei naquela sua versão. - ele disse antes de me beijar mais uma vez. Pagamos a conta, pegamos um táxi e paramos no apartamento dele. Elevador. Mãos. Boca. Porra, cadê a chave? Desculpa a bagunça. Uhum. Beijo. Pescoço. Arrepio. Amor. Suor. Saudade. Cansaço. Te amo. Eu amo você e morri de saudades. Vou tomar um banho. Ok. Ele saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura e um sorriso no rosto. Eu vestia a minha-blusa-dele e enquanto prendia o cabelo num coque ele sentou ao meu lado e beijou meu pescoço. Eu sorri.
- Achei que a gente só ia conversar. - brinquei. Ele riu e me puxou pra si.
- Dorme aqui hoje comigo. - ele pediu com seu jeito de menino abandonado e eu concordei. Não demorou muito pra eu ter uma gaveta com as minhas coisas, uma parte no armário, uma chave, um anel, um marido.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Um errado certo.



Só mais essa noite, eu disse pra mim mesma enquanto seu peito subia e descia num ritmo tranquilo que chegava a ser irônico comparado com a velocidade que os pensamentos percorriam minha cabeça. Eu já sentia o aperto da manhã seguinte, sufocando aquela confissão que tentava pular pra fora. Pensei em evitar o inevitável e sair escondida, mas eu só queria ficar ali, deitada no seu peito, sentindo o sobe-desce, tentando copiar o ritmo da sua respiração, mas meu coração já gritava. Gritava para eu ficar. Mas eu tinha tomado uma decisão, você não sabia, mas quando o sol aparecesse eu ia desaparecer, só queria te dar um último beijo. Não te contei, nem pretendia contar. Espero que você entenda depois da segunda ou terceira semana. Espero que você não tente me ligar, de verdade. Espero que você leia nos meus olhos quando eu me despedir amanhã, veja neles meu pedido de desculpas junto com o meu adeus.

Eu me viro pro outro lado, me encolho como um feto, o aperto é enorme, tudo queima dentro de mim, tenho vontade de correr pro banheiro e colocar toda essa dor pra fora. Mas você ia acordar, ia cuidar de mim e talvez fizesse eu mudar de ideia, sem nem saber de nada. Talvez eu devesse ir embora agora, não sei se consigo me despedir dos seus olhos, do seu sorriso-de-bom-dia-flor. Eu me levanto devagar, coloco meu jeans e fico com a sua blusa, você sempre disse que eu ficava bem com ela. Arrumo minhas coisas, rabisco algumas coisas num papel que se misturam com lágrimas e suor das minhas mãos. Largo aquele papel molhado do seu lado e espero que você entenda os meus motivos e a minha letra. Fecho a porta atrás de mim e jogo a minha cópia da chave por debaixo da porta. O aperto e a dor escapam pelos meus olhos e os óculos escuros mais um sorriso ensaiado ajudam a não preocupar o porteiro. São cinco da manhã e minha casa nunca pareceu tão longe da sua. Me jogo na minha cama, acho que nem tranquei a porta, choro todas as dúvidas e me livro de toda a dor ajoelhada no banheiro, encosto a cabeça no azulejo frio e finalmente adormeço. Lá pelas oito acordo com a nossa música berrando no meu celular. Ignorar. Silencioso. Entro no banho. Tento tirar a dor com sabão, sem sucesso. Ainda enrolada na toalha vejo meu celular. Quinze chamadas perdidas. Cinco mensagens. "Flor, que porra é essa?". "Flor, pelo amor de Deus, fala que é brincadeira.". "Ei... Já deu. Que houve? Volta pra cá. Conversa comigo.". "Caralho! Me atende!". "Eu to indo prai.". Meu sangue gelou. Eu conseguia ignorar suas chamadas, mas não sua voz do lado de fora da minha porta e eu nem tinha trancado. Corri para a porta, meu cabelo molhou o quarto inteiro. Você já tava sentado no sofá. Seus olhos mais vermelhos que os meus, sua regata colada no corpo de tanto suor. Você pediu pra eu te explicar, abriu a carta e a leu pra mim.

"Lindo, acho que a gente já se envolveu demais.", você engoliu o choro e continuou: "Desde o começo te falei que a gente não deveria se envolver tanto, sempre estrago as coisas e tenho medo de estragar você. Eu sou tipo uma granada, chego meio devagar, mas pode ter certeza que eu vou machucar e quebrar tudo que estiver a minha volta e lindo, eu não quero te magoar, nunca. Então, acho melhor eu ir embora agora, antes que dê tudo errado, quero que você lembre da "Flor" que existe na sua cabeça, apesar de eu sempre ter achado a sua versão de mim completamente errada e exagerada.", você revirou os olhos nessa hora, olhou pra mim e eu fitava o chão controlando as lágrimas o máximo que pudia. "Eu não sou tudo isso, mas gosto do jeito que você me vê e não quero estragar essa versão linda que você criou. Por isso que eu vou sumir, pra eu não te estragar e não me estragar pra você. Eu te amo.", você soltou o choro junto com uma risada e falou que eu era ridícula, do jeito brincalhão de sempre. Cai no chão, minhas pernas já não me sustentavam. Você se ajoelhou na minha frente e me abraçou.

- Flor, essa foi a primeira vez que você disse que me amava. Na porra de uma carta que era pra se despedir de mim. Você sabe o quanto isso é contraditório e doente? Eu te amo, flor. Mas não é por isso que eu quero te deixar, eu sou normal, flor, eu te amo e quero ficar contigo. Sabe o quanto que isso não faz sentido? Você me ama e não quer ficar comigo! Presta atenção, doidinha. Eu não me importo com essa sua habilidade de magoar as pessoas, eu não me importo com os outros casos, eu não me importo com o quanto você pode ter sido uma filha da puta até três meses atrás. Não me importo. Eu quero ficar com você. Flor. Eu sei que você quer ficar comigo. Isso que você fez, sinceramente, só mostra o quanto você mudou. Você foi capaz de me deixar na tentativa de me fazer feliz, mas eu não vou ficar feliz sem você. Eu também já errei muito nessa vida e não é por isso que eu vou te deixar. Vou ser egoísta, vou te querer só pra mim. Então, por favor, para de ser essa pessoa maravilhosa e seja egoísta junto comigo. Fica comigo. Volta lá pro meu-seu-nosso apartamento. Deita naquela porra de cama e dorme comigo. - Você levantou meu rosto e meus olhos quase estouravam de tantas lágrimas presas ali - Se solta, flor. Se permite. - uma foi escapando, seguida de outra e sem nenhum de esforço elas rolaram livres pelo meu rosto. Você colocou meu cabelo pra trás da minha orelha e me beijou.

Você me pegou no colo e me colocou na cama. Depois de algumas horas no meu apartamento, você mandou eu arrumar minha mala e ir passar a semana com você. Eu sabia que seus olhos não iam permitir que eu negasse. Coloquei um vestido e enfiei algumas roupas e outras coisas na mala. Você sorriu e eu sorri de volta, derrotada, já entregue. Talvez aquilo fosse um erro, talvez daqui alguns meses eu estivesse no meu apartamento sozinha, chorando por ter magoado mais uma pessoa ou talvez eu que estivesse magoada. Nós dois éramos errados da maneira mais óbvia que se pode ser. Mas eram esses erros que nos uniam, eram os nossos passados errados que nos faziam querer um futuro nosso e certo. É, talvez fosse um erro eu pendurar as minhas roupas no seu armário, talvez vender meu apartamento e me mudar pro seu seja um erro. Mas de todos os meu erros, tenho certeza que você foi, é e vai ser o melhor.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Amor, esquisito amor.



Ei, meu bem, já te falei que não é pra vir. Não quero que você apareça aqui em casa assim sem avisar, não quero. Você insiste em me ligar de madrugada e eu digo que não dá, mas depois de dez minutos você bate na minha porta e pede pra entrar. Ai, nego, você acaba comigo. Já te disse que agora não dá. Eu não quero mais. Vai embora, por favor. Mas ai você me olha assim com esse teu jeitinho de homem magoado, chega todo mole, como se tivesse doente, já vai entrando e me roubando um beijo, me pede colo e começa a chorar.

Chora por ela, reclama, fala que vai largar e que vai recomeçar comigo. Eu nem abro mais aquele sorriso que eu costumava abrir, eu já sei que amanhã você não vai me atender, na verdade, eu nem vou mais te ligar. Você não sabe como dói ser o seu porto seguro, ser a única que não vai conseguir te impedir de entrar. Eu queria ter essa força de te empurrar, gritar e te falar pra nunca mais me ligar, mas eu não resisto aos seus olhos cor-de-céu. Ai, nego, dói muito ter que mexer nos seus cabelos enquanto você chora por outra mulher. Você sabe que comigo ia ser diferente, mas você parece um viciado e eu sempre me prometi nunca me envolver com gente assim, mas nunca achei que fosse amar um homem viciado em outra mulher.

Eu sei que você me ama, eu sei, não precisa me dizer. Você sempre diz entre os seus soluços que queria conseguir largar dela e depois repete um milhão de vezes que não consegue e a cada vez que você repete esse mantra eu sinto uma faca me cortando. Mas eu cansei nego, eu cansei. Você tem que entender o meu lado. Eu não quero mais ficar aqui de palhaça te esperando ligar em uma madrugada qualquer. Ou você se decide ou você me esquece. Não quero mais ficar no meio desse tiroteio, não aguento mais ser o seu porto seguro. Eu sou a sua certeza, mas eu preciso ter alguma certeza de que um dia você vai tá aqui, comigo.

Presta atenção, olha pra mim, levanta e sai daqui. Eu não to brincando agora, meu bem. Eu preciso fazer isso por mim e por você. A gente precisa decidir se a gente vai continuar amando desse jeito esquisito, se você vai largar esse vício e se eu vou largar de ser besta. Eu to tomando o primeiro passo agora, to largando de ser besta. Não me liga, me dá um tempo, me deixa em paz, me deixa pensar um pouco, ficar sozinha. E vai ver se você quer viver esse amor doente com ela, pensa um pouco e pensa em mim, só não me manda mais essas mensagens na madrugada.


Eu não to te pedindo um amor de cinema, não to te pedindo nada perfeito. Eu só quero algo concreto, cansei desse jogo de segurar e soltar que você adora brincar. Eu quero algo que eu saiba de verdade o que é. Mesmo que isso signifique te perder, eu prefiro ter certeza que você nunca mais vai voltar do que ficar brincando de te esperar. Então, nego, vai... E só volta se for pra ficar. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ele não queria, nem podia.


Um aperto no coração descomunal a tirou do sono tranquilo, era aquele aperto já conhecido que só o rosto dele causava. Já fazia algum tempo que ele não invadia seus sonhos, nem perturbava sua mente, mas naquela noite doeu e ela deixou doer. Não tentou impedir as lágrimas de rolarem pelo seus rosto, se permitiu sentir aquele aperto.

Suas mãos agarravam o lençol enquanto as mensagens que ele mandava ecoavam na sua mente. O que ele falou logo depois de quase tê-la beijado, na noite em que se despediram pela primeira vez. Ela sentia a mesma dor que sentira naquela noite. E continuava vendo o coelho na Lua.

A ferida tinha aberto novamente e ela sabia o porquê. Foi o filme. Assistira mais cedo o filme que ele tinha prometido assistir com ela. Lembrou das madrugadas, das conversas, do: "Você tá diferente, tá com voz de mulher." que ele soltou em uma conversa de vídeo. Lembrou da foto que partira seu coração pela última vez, como prometeu pra si mesma. Realmente, aquela foi a última, afinal, não tem como quebrar algo já quebrado. Mas ele, ah, ele ainda conseguia pisar nos cacos.

Doeu, ainda doía. Mas ela aprendeu a lidar com a dor, ensaiou seu melhor sorriso e o coloca no rosto todos os dias. Vestiu a fantasia de mulher forte e seguiu em frente. Ele causou um dano irreparável, mas ela aprendeu a deixar de lado, a lidar com aquilo. Ela aprendeu a gostar de estar sozinha, aprendeu a gostar dela e a se dar o valor que merece.
É só que de vez em quando bate saudades do que não foi - mas poderia ter sido - e a dor é tão forte que armadura nenhuma aguenta.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sobre aquela com mais problema que o governo brasileiro.


Hoje, infelizmente, não posso dizer que já superei, nem que as cicatrizes já são apenas velhas lembranças daquilo que nunca mais quero pra mim - algumas ainda estão vermelhas - mas, posso te dizer: já lido muito melhor com esse aperto no coração que só o som do seu nome me causa. Não to dizendo que te quero de volta, afinal, como te ter de volta se, na verdade, jamais te tive. Essa mania de aspirante-a-escritora me fez criar histórias incríveis, nas quais eu e você vivíamos amores intermináveis e imensuráveis, como nas partes felizes de algum livro do Nicholas Sparks. mas como até o senhor Sparks sabe, nem tudo são flores e eu chorei no final, mas foi sozinha. Você não chorou, não por mim. Eu posso dizer com a certeza mais absoluta que: eu nunca vou te esquecer. Também posso garantir que já estou aprendendo a lidar com essa lembrança chata.

Sabe o que mais me incomoda nessa história toda é que você tirou minha inocência, arrancou minha tão estimada confiança nos outros. Tu complicou a minha vida, por que agora eu não consigo evitar de colocar suas piores características nesse guri que agora me faz cafuné enquanto assistimos ao jogo nessa tarde de domingo. Aposto que ele não tem nem um terço das suas más intenções, mas eu simplesmente não consigo evitar de colocar uma muralha entre nós, para que ele não me faça o mesmo mal que tu me fez. Eu só queria poder deixar ele entrar, como sempre faço contigo, daquele jeito tão desprotegido, inocente, sincero e, ah, cheio de amor.

Eu não consigo nem ao menos explicar o porquê de eu não deixá-lo chegar perto, pelo menos não pra ele. Não consigo olhar nos olhos dele que me suplicam por uma explicação, um motivo razoável e só encontram um movimento de agonia, daquela agonia de quem quer falar, mas não encontra a palavra certa, o jeito certo. Ele só escuta um: "Não é nada demais, só sou difícil." seguido de uma risada tão bizarra que não consigo nem descrevê-la, talvez ganhe até um beijo depois, mas eu sei que, pra ele, já tá ficando impossível. Sabe, se eu fosse ele eu aproveitava o intervalo do jogo e ia embora, é a escolha mais saudável.

Você me estragou demais e nem sei se tem conserto. Talvez eu devesse parar de tentar achar você nele ou naquele, afinal, não quero outro igual a você, né? Talvez eu tenha que parar de trazer eles para dentro dessa armadilha que eu sou. Tenho que aceitar que nessa luta contra a sua lembrança eu tenho que ir sozinha. Talvez um dia eu aprenda a confiar de novo e deixe outro entrar do mesmo jeito que você entrou e dessa vez espero que ele não desarrume o jardim, que estou preparando pra ele, do mesmo jeito que você fez. E, sinceramente, espero que você se foda.


domingo, 28 de julho de 2013

Enquanto eu ainda for sua.


Enquanto você tá aqui deitado só de samba-canção na minha cama, a música do jornal matinal começa a tocar. Enquanto você me dá um beijo na ponta do nariz e me deseja bom dia com essa voz de ontem, alguém fala sobre o trânsito na rua que vem de Taguatinga, aquela que eu nunca lembro o nome. Enquanto você levanta e vai tomar um banho, eu vejo um acidente no Eixão entre os meus goles de café, você sai enrolado na toalha e com outra seca o seu cabelo de um jeito que só você faz e enquanto isso pede pra eu colocar naquele desenho que só você ainda assiste. Você prepara um ovo pra você e me dá meu iogurte, a gente come na cama, sentado um de frente pro outro e enquanto isso uma esponja que fala e ri engraçado prepara hambúrguer na televisão, você ri do seu jeito, me chama de preguiçosa e manda eu tomar banho, eu termino meu iogurte e finjo voltar a dormir, você beija minha nuca e pede de um jeitinho que só você consegue pedir, eu me arrepio inteira e vou pro banho, enquanto isso você ri do seu programa matinal e eu sorrio sozinha no chuveiro.

Enquanto eu me seco, você entra e me beija com essa vontade só sua e essas surpresas todas suas também. Eu me arrumo e enquanto eu passo o batom te vejo pelo espelho, sentado na ponta da cama me olhando enquanto coloca o sapato. Eu saio do banheiro e você me entrega a gravata, eu sorrio um sorriso que só você entende e eu me divirto enquanto você tenta explicar que você sabe fazer o nó, só gosta que eu fique perto de você e que eu cuide de você. Enquanto eu termino o nó você me rouba um beijo, eu solto um sorriso surpreso e você me abraça. Eu apoio meus braços no seu ombro, você lembra da vida lá fora e diz que vamos nos atrasar e enquanto isso um passarinho vem cantar perto da janela. Pego a minha bolsa e você pega sua pasta.

O resto das horas passam devagar, hoje tiveram vários problemas na redação e eu só quero chegar em casa, colocar uma  blusa tua que você esqueceu e ver se você vai pra lá hoje também. Chego em casa e enquanto isso você tá indo pro bar com uns amigos. Eu te ligo e você diz que hoje não vai dar, eu falo que tá tudo bem - eu sei que às vezes você muda de ideia - pego sua blusa branca de algodão, tiro meu vestido e visto ela, pego o macarrão de ontem, deito na cama e ligo na ESPN, enquanto isso você pega uma cerveja e sorri um sorriso diferente pra garçonete. Eu olho o celular umas quinhentas vezes, até que desisto, tomo um banho e durmo com a sua blusa.

Acordo e enquanto isso você chega na sua casa, vejo suas ligações da madrugada, percebo que cansei dessa incerteza que é você. Enquanto isso a garçonete tira a sua blusa. Enquanto escovo os dentes penso em te ligar e enquanto isso você tira a saia da garçonete. Tomo um banho, café da manhã e enquanto coloco meu tênis, ela coloca a saia e pede pra você ligar no dia seguinte, mal sabe ela que você só aparece quando quer e que ela entrou no pior dos negócios, contigo não dá pra dizer não, nem se você desaparecer por duas semanas, você vai aparecer na porta e sorrir um sorriso só seu - ou só meu - e não vai ter como dizer não, pelo menos eu não consigo. Enquanto eu tranco a porta, você me liga, eu não atendo, abro a porta e deixo o celular em casa. Depois de uma hora na academia eu chego em casa e vejo algumas - várias - ligações perdidas. Te ligo de volta e enquanto isso você corre pra fora do banheiro ainda com shampoo no cabelo e me atende.

Enquanto você me pede desculpas pela noite anterior, eu desacredito, mas falo que tudo bem, você pergunta se pode ir pra lá essa noite, eu digo que não. Enquanto isso você fica sem palavras e pede desculpas mais uma vez. Eu falo que cansei das incertezas, cansei de não saber se amanhã você também vai querer vir, você pede uma chance e enquanto isso eu juro que não vou deixar mais você brincar comigo. Tento te explicar que quando a gente tá junto, você é tudo que eu sempre quis, mas ai você some e eu não consigo entender. Enquanto isso você abaixa a cabeça e concorda comigo, me diz que eu também sou tudo que sempre quis, eu finjo não escutar e digo que cansei da confusão, quero algo concreto e certo. Você concorda e diz que enquanto eu ainda quiser ser sua, você vai ser meu. Eu peço pra você ser só meu e você só pergunta se pode vir pra cá hoje, eu rio e enquanto isso você sorri. Eu te pergunto se você não tá fazendo mais um dos seus jogos. você diz que eu vou ter que confiar em você e eu te digo que essa é a última chance e você diz que tá saindo de casa. Enquanto você entrava em casa eu vi algo diferente nos seus olhos e todas as minhas incertezas foram embora e enquanto você me abraçava eu senti que você finalmente se permitiu ser meu.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Tipo Mallu e Marcelo.



Era uma sexta à tarde e você entrou apressada e pediu um café.
- Bem forte, pelo amor de Deus. - você disse com a voz meio rouca, o cabelo preso num coque feito enquanto você corria pra cá e os óculos cobrindo seus olhos de noite em claro. Pegou seu café e saiu do mesmo jeito que entrou, acho que nem notou no menino de cabelo enroladinho que te observava da mesa no canto, ele saiu atrás de você. Vi um sorriso teu ao olhar pra trás e vê-lo ali, com aquela camisa xadrez e aquele rayban perdido no meio dos cachos e aquela sua carteira caiu de propósito, pode falar! Ele sorriu e pegou aquela carteira enorme e roxa.

-Moça! - ele falou assim, meio sem jeito. Você se virou com a pior expressão de surpresa forjada e sorriu, agradeceu e ele perguntou se podia saber teu nome, você pensou - ou fingiu pensar - e falou.

- Paula, o teu é?

- Mateus, prazer. - ele falou e ficou sem saber o que dizer em seguida, só sabia que tinha surgido dentro dele uma vontade de ficar ali contigo e te ver no dia seguinte. Dentro de ti surgiu um desejo de esquecer a vida corrida que tinha e ir com ele pra onde quisesse, o jeito solto dele te deixava leve. Depois desses anos juntos vocês gostam de brincar um com outro, contando versões variadas desse mesmo primeiro encontro, mas só eu sei como realmente foi. Vocês criaram um amor assim meio Mallu e Marcelo, aquele amor que um se doa um pro outro sem pensar se vai sobrar algo pra si mesmo e de tanto se dividir com o outro as peças já se confundem, já não sabem mais se essa ou aquela mania é sua ou dele. Se aquele sorriso que você sorri ao receber o beijo de bom dia é o mesmo sorriso que sorria antes dele.

É como se a vida de antes de vocês fossem apenas lembranças, como as lembranças que as crianças quando vão pra Nárnia tem da vida desse mundo, sabe? Aquela lembrança esquisita que é boa e talvez até necessária, mas é lembrança de uma vida sem cor. Vocês tem um sorriso que é só de vocês dois que vocês sorriem juntos quando riem de uma piada interna e se olham no fundo do olho um do outro. Vocês tem o mundo de vocês no qual um se mistura com o outro e as brigas se perdem no meio do som da sua risada quando ele sai do banheiro com o cabelo desgrenhado e olhos de ressaca do vinho de ontem à noite. O vício dele se perde em ti quando você aparece de toalha e apaga o cigarro que ele insiste em fumar e ele discute e você dá um beijo no pescoço dele e entra no chuveiro. Vocês juntos são fortes, um sem o outro já não existe e... ah, eu acho tão bonito esse mundo de amor meio bossa nova e meio rock'n roll que vocês inventaram.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Tanto amor.


Ei, menino, vou te fazer um pedido sincero. Não se importa com esse meu jeito durona, nem com os meus discursos sobre o amor e como eu acho ele a maior bobagem. Não se incomoda com esse "dá o fora" colado na porta, é só o meu jeito de me proteger. Não liga pra essa muralha em volta de mim, invade ela que nem os hunos fizeram em Mulan, mas não precisa trazer um exército. Eu sei que esse meu tom de voz meio solto e despreocupado pode te confundir e te fazer pensar que eu não me importo com nada e nem quero ninguém, mas é só teatro.

Foram os outros que me fizeram assim desconfiada, cuidadosa e protetora. Eles também fizeram eu gostar mais de mim e esse é o lado bom da história. Talvez tenha levado essa história de amor próprio ao extremo e resolvi gostar só de mim e não deixar mais ninguém chegar perto. Lá no fundo, menino, eu ainda tenho alguma fé no amor e se não for pedir demais, tenha um pouco de fé em mim e me ajuda a resgatar a menina que ama o amor. Ela ainda tá aqui dentro, só tá guardando todo esse amor pra si mesma, mas eu te prometo que tem amor o suficiente pra nós dois. Eu realmente nunca fui boa em dividir sempre amei o outro demais e acabava me deixando de lado. Mas, ei, não custa tentar né? Não custa ter fé em mim, fé no amor e fé em você.

Ah, menino, chega devagar pra eu não me assustar. Não me conta que você tá chegando, deixa eu me assustar quando notar que você já tá aqui há tempo suficiente. Não faz escândalo, não chega derrubando a porta e arrancando todas as minhas armaduras. Tenta entrar pela porta da cozinha, tira o sapato pra não fazer barulho. Vai deixando os pedaços do muro caírem um de cada vez, no tempo deles, no meu tempo. Te peço desculpas adiantadas pelas grosserias que vou te falar e pelos empurrões que vou te dar. É só o meu lado egoísta lutando pra não dividir esse amor todo que eu tenho dentro de mim. Pode ter certeza que meu outro lado sabe que tem amor suficiente pra mim, pra você e pros vídeos de gatinhos, de bebês e de cachorros no youtube. Mas só vem se tiver disposto, não exijo nada de ti, nem de ninguém, sei que na hora certa e com a pessoa certa eu vou aprender a compartilhar esse tanto de amor.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Furacão de olhos verdes.


Não dá pra explicar o porquê ou como, só sei que teu efeito sobre mim é inverso, errado. Você me dá náuseas e revira meu estômago que nem gato brincando com novelo de lã. Eu sei que meu efeito sobre ti é quase nulo, o máximo que consigo é arrancar um sorriso irônico daqueles de quem sabe o poder que tem. Eu deveria me irritar com esse teu jeito cínico, mas como se eu esqueço até meu sobrenome só de te ver.

Eu me lembro do seu primeiro dia aqui como se fosse ontem - talvez tenha sido, não sei - tava guardando a última lembrança na caixa, dai você entrou pela porta e tudo que já tava em seu devido lugar se revirou, saiu se espalhando e todas as suas lembranças grudaram nas paredes, janelas, teto, sempre nos lugares mais visíveis. Se eu fosse tentar encontrar uma forma de te definir acho que a melhor palavra seria: furacão. Um furacão de olhos verdes. Você sempre some no inverno, me deixando com frio e desprotegida, depois chega a primavera e o cheiro das flores me anima, você permite que eu me sinta curada do inverno frio. Me arrisco em um ou outro relacionamento, mas sempre com medo dos seus olhos verdes aparecerem, mas não aparecem.

Então, chega o verão, sempre tão quente e úmido, fico apreensiva na primeira semana, mas ai passa, você me permite te esquecer. Você planeja tudo da pior maneira, espera eu conseguir superar o nosso outono juntos e o inverno sem você, deixa eu acreditar que essa primavera trouxe a felicidade e que nesse verão você não vai voltar. Quando eu menos espero, mal consigo ver, você destrói tudo que construi sem você e me puxa pra dentro do seu abraço. Me rouba o ar, a fala, tudo. Me bagunça por inteira. E seus olhos verdes, tão meus. Eu sei ser sua, mas você nunca soube - ou nunca quis - ser meu. Não te entendo, acho que nem se você tentar me explicar como, por que, eu não vou entender.

Eu não sei qual é a sua nem a minha. Só sei que eu não sei não ser sua, mesmo sabendo que quando o calor for emboram e a secura chegar, você vai sumir. Vai embora sem nem se despedir, sem nem me garantir se vai voltar. Eu sei que você me bagunça. Acho que no próximo verão vou fugir pro norte atrás do inverno, a solidão é mais confortável que essa incerteza maluca. Não quero que você volte, mas não vai agora. Deixa eu curtir esse último outono com essa doce ilusão que são seus olhos verdes sorrindo pros meus tão castanhos e iluminados quando fitam os seus. Mas não volta, não quero mais verão. Já disse, prefiro ficar nesse inverno interminável a viver esse amor de verão sem fim. Mas espera mais um pouco, só mais um beijo e você pode ir.



domingo, 23 de junho de 2013

Ei, moreno.

     
       Não existem muitas histórias por ai que me façam sorrir desse jeito tão solto, só as suas. Talvez nem seja o conteúdo das histórias, talvez seja apenas o seu jeito dramático de contar, é, talvez seja o jeito que você mexe os braços e faz caras e bocas. Você faz daquele arroz queimado a coisa mais hilária do mundo.

      Me faz sorrir, moreno. Me faz bem hoje, só hoje. Preciso que você me conte aquela história que eu gosto tanto, aquela com o gato manco e o cachorro babão. Ai, nego, preciso tanto ouvir uma história sua, ouvir você contando devagarinho no pé do meu ouvido que perdeu seu sapato essa manhã quando vinha apressado aqui pra casa. Eu sempre te grito e você sempre vem. Aparece assim, meio desarrumado, meio desastrado, apoiado na porta e quase cai quando eu abro, ai você me sorri esse teu sorriso leve, tenta arrumar o cabelo sem muito sucesso.

       Você sempre me pega no colo e me deita na cama, me faz um cafuné gostoso enquanto destrava o meu sorriso com as suas histórias bobas que só você sabe contar. Quero saber o que você fez ontem à noite, quero ver seu sorriso tímido ao lembrar daquela menina que você roubou um beijo naquele bar sujo. Não se importe com a minha cara emburrada depois que você terminar de me contar que levou ela pra casa e que ela foi embora antes de você acordar, antes de eu te mandar uma mensagem de socorro. Ah, moreno, eu nem me importo com esse nosso relacionamento-não-relacionado, eu só me importo com esses cachos negros que insistem em cair na sua testa. Eu gosto de brincar com eles, ali deitada no teu colo, te vendo debaixo, te vendo mexer a boca enquanto conta alguma coisa, confesso que parei de escutar por alguns segundos e me distrai com esses teus cachinhos, fiz aquele barulho de mola no meio da sua história e você riu de mim enquanto tapava a minha boca, pediu que eu prestasse atenção e eu prestei.

       A gente é meio assim, meio errado, né, nego? Você tem a sua vida de menino-dos-cachos-arrasa-corações e eu tenho essa minha vida de menina-tímida-que-só-gosta-de-idiota. Você sempre vem aqui pra casa depois que as suas meninas vão embora e eu sempre te ligo depois que os meus meninos me deixam aqui sozinha. A gente junto é lindo, mas acho que nosso medo de complicar é maior que a vontade de arriscar. Então, a gente vai levando essa história não muito relacionada, você vai roubando uns beijos meus e eu vou roubando suas histórias. Vamos seguindo assim, um ganhando um sorriso do outro, um dando um pouco do seu amor, tão desperdiçado por terceiros, pro outro.

        Você tem um coração enorme, moreno, mas você nem sabe disso. E pra minha surpresa, hoje você ficou até de noite, assistindo filme e me contando a história do gato manco. Acho que é a primeira vez que você não vai embora antes das seis. Você me diz que hoje não vai sair, vai ficar um pouco mais. Eu te pergunto o motivo e você diz que não tem que ter. Com a gente é assim, sem muitas perguntas, nem muitas respostas, só dois corações que já pertencem um ao outro há muito tempo, só a gente não viu.

        Talvez eu queira complicar um pouco agora, moreno, talvez eu queira que esses seus cachos e seus sorrisos sejam só meus, talvez eu não queira mais escutar sobre a ruiva que você conheceu na noite anterior no bar. Talvez eu queira que seja assim daqui pra frente, eu, você, a luz desligada e só a luz da televisão iluminando seu rosto que me conta agora histórias mais pessoais. É como se você estivesse se soltando aos poucos, se entregando devagar e eu aqui me soltando, me desprendendo de todas essas correntes que me impediam de te deixar entrar. É, nego, acho que essa história aqui vai durar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Carinho.


           Acho que nunca escrevi sobre você por medo. Sabe? Medo de perceber que tudo não passou de um sonho, de uma fantasia criada por essa minha mente lotada de comédias românticas. Eu sempre tive medo de ter que falar de você no passado. Usar os verbos no pretérito com você sendo o sujeito me dói. Dói ter que lembrar de você quando o que eu mais queria era que você estivesse agora deitado ali na cama, com aquele teu cabelo bagunçado e a cara amassada de sono. Eu só queria que você levantasse devagarzinho e me beijasse no pescoço, pedisse pra eu sair do computador e ir assistir mais uma comédia romântica contigo. Mas agora quando eu olho pra trás tudo que eu vejo são as suas sombras, se revirando na cama, em mim, comigo. O vento sopra e eu sinto seu beijo na minha bochecha, no meu pescoço.

           Não sei como você chegou, nem quero lembrar como se foi e eu, sinceramente, acho que tudo aquilo não passou de um momento de loucura meu ou um monte de sonho misturado que eu achei que tinham sido verdade. A realidade e o sonho se misturavam quando eu tava contigo. Suas frases pareciam ter sido escritas por algum roteirista de filme água com açúcar. Você parecia ter sido desenhado pra estrelar um filme da Disney. Um príncipe, não consigo encontrar outra definição melhor pra você.

              A nossa história foi tão bonita, cara. Você me tirou daquele lugar horrível que eu estava, você me puxou pra cima, me acolheu, me escolheu. Você sempre falava o quanto gostava do meu sorriso e da minha risada afogada, você sempre fazia cafuné. Mas, não foi com o cafuné que tu me ganhou. Foi com o seu sorriso, seu jeito de moleque maduro, com as suas mãos, sua barba e seu jeito de me dominar de uma maneira delicada. Você tinha aquela coisa de homem bruto, forte, mas só eu sabia que você era a pessoa mais doce desse mundo. Sempre dizia que aqueles músculos todos eram pra me proteger e eu ria, brincava que não precisava de você, só pra matar uma aranha que aparecesse por acaso lá em casa. Você sempre foi protetor comigo, sempre me botou pra cima, sempre me incentivou. E quando você dormia comigo eu acordava um pouco antes e encostava minha cabeça no seu peito pra sentir o sobe e desce que acompanhava sua respiração.

              Eu só me lembro das manhãs que você não me deixava sair da cama, fazia bico e pedia pra eu ficar mais cinco minutinhos e eu não resistia ao seu cabelo desgrenhado, não resistia a você, nunca resisti e nem nunca tentei resistir. Eu me entreguei por inteira, me joguei de cabeça e você me pegou. Você sabe o quanto que é difícil eu me entregar assim, sempre fui fechada e racional. Mas contigo, contigo eu era o mais passional possível, não prestava atenção na razão, não precisava de razão. Talvez por isso não tenha dado certo, talvez a gente tenha se amado demais, assim, de uma vez, talvez o amor tenha vazado todo, muito rápido e muito forte. Talvez a gente tenha sido intenso demais. E o amor esgotou de uma hora pra outra e nenhum dos dois viu. Nenhum dos dois viu o outro indo embora, nenhum dos dois viu a última gota de amor escorrendo junto com aquele beijo antes de você entrar no avião. Não importa pra onde você tenha ido e se o amor acabou, vou sempre lembrar de ti com carinho.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

The Only Exception.


Ela é uma menina quieta, seu silêncio é torturante. Seu olhar é perdido, solto, não foca em nada, fica ali viajando pelo teto, chão, carteiras, pessoas. Seus olhos só param pra fitar o chão ou sua mão ou seus pés. Nunca soube direito. O coração dela é frio feito gelo, mas não é por mal, esse foi o jeito que ela encontrou de se proteger. Ela é o tipo que não se entrega nem por um conto de fadas, ela não acredita. Nem em conto de fadas, nem em ninguém.

Sempre gostei de observá-la assim, meio de longe, pra ver se ela me nota e eu sei que ela nota, mas faz de conta que não. Quando nossos olhos se encontram é como se ela levasse um tapa, ela nunca fixou seu olhar no meu, não por mais de 5 segundos. Eu nunca quis me aproximar, escolhi deixar ela no seu espaço, com seus jeitos estranhos e sozinhos. Se ela escolheu ser assim quem sou eu pra mudar. Mas eu te juro, nunca vi uma menina tão linda. Seus cabelos loiros e encaracolados, seu sorriso, mas não o sorriso ensaiado, que ela solta pra ser socialmente aceitável e sim o sorriso solto que ela dá quando está sentada sozinha num canto da faculdade olhando para o seu celular, acho que é algum site engraçado ou vídeo idiota, mas é aquele sorriso que eu gosto: o sorriso dela pra ela.

Ela não é mal educada, na verdade, é um doce, sempre querendo ajudar os outros, mas nunca se entregou completamente, nunca, ela sempre mantém uma distância saudável, uma independência. Já a ouvi falando que não gosta de depender de ninguém, pois ela sabe que dói quando aquela pessoa vai embora.

Sinceramente, acho que ela é apenas uma menina triste que levantou todo o seu exército e muralhas pois cansou de lutar, cansou de cortes abertos, acho que ela queria dar um tempo pra tudo cicatrizar, mas depois não conseguiu sair de dentro desse castelo no qual ela mesmo se prendeu, afinal, depois de ter conseguido fechar todos os machucados, os cortes, colocado todas as peças no lugar, eu também não vejo motivo para deixar eles abrirem novamente. Deve doer.

Mas, cara, eu não consigo imaginar o porquê de alguém magoá-la, machucá-la, com certeza, foi um babaca. Se eu pudesse, ah, se eu pudesse ter a chance de puxá-la para fora desse castelo que ela construiu só para ela, eu ia deixar todas as cicatrizes do jeito que estão e todos os pedaços do coração no lugar. Ela não merece sofrer. Eu sei, sei que dizem por ai que ela não tem coração, ela gosta de brincar com os outros. Não acredito, nem em uma palavra sequer. Ela não tem culpa. Deve tentar se entregar, se apaixonar, mas ai o medo toma conta dela e ela se afasta, se fecha. Não a culpo, nem por um segundo.

Ontem eu peguei ela olhando pra mim, curiosa... Talvez tentasse descobrir por que eu tenho tanto interesse nela e quando nossos olhos se encontraram ela sorriu, sorriu aquele sorriso dela pra ela, mas fechou a cara rapidamente, acho que ela se pegou desprevenida  fui me sentar ao seu lado. Juro que ela quase pulou da cadeira quando me notou do seu lado, me apresentei, ela me fitava assustada, confusa. Ela relaxou quando encostei em sua mão. Sorriu. Sorri. Ela se apresentou. É, cara, acho que agora vai. Eu juro que vou fazer valer a pena ela sair do castelo.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Nós.

        

         Às vezes me sinto esquisita como se você ainda tivesse aqui. Eu posso jurar que sinto seus dedos ainda entrelaçados nos meus, seu lábio ainda encostado no meu. É, você foi embora. Só consigo acreditar quando vejo o seu lado da armário vazio, sem seus ternos, blusas, gravatas... Era tudo tão cheiroso, macio e seu. Eu não sei o que fiz, amor, mas eu sei que errei. Tudo que eu queria agora era você deitado de samba-canção na cama, mexendo no seu notebook, ai você ia fechá-lo e colocar ali no criadomudo, que também está vazio, ia me chamar pra deitar contigo, a gente ia ficar abraçado, conversando e rindo. Ah, mas como era bom ficar ali apoiada em seu peito escutando suas histórias. Onde foi que a gente errou? Eu não consigo encontrar o momento em que tudo começou a dar errado. A nossa aliança continua em meu dedo e o sonho de ter um filho nosso ainda me consome toda noite. 
      Era tudo tão lindo, amor. Acho que me ceguei por essa paixão louca que sinto por você e não me importei com as brigas, com os dias que você não fechava o notebook e deixava eu dormir sozinha, sem seus braços em volta de mim. Acho que te sufoquei, mas se o fiz, foi com e por amor. Amor demais, talvez. Eu só quero uma explicação pra eu poder seguir em frente. Na verdade, eu não quero seguir em frente. Eu sei que o que sentimos um pelo outro é muito forte. Sei que se eu te encontrar por uma esquina de São Paulo meu coração vai disparar, as borboletas vão surgir, como naquele nosso primeiro encontro no parque. Ah, meu amor. Eu ainda gosto tanto de você, de nós, você podia entrar por aquela porta agora e me jogar na nossa cama e dizer que nós somos feitos um para o outro, que você releva as brigas, que a gente, agora, vai ficar junto pra sempre. 
          Fui para a cozinha pegar um copo d'água, as lágrimas me sufocam sempre que lembro de você. Sentei na pia da cozinha, você adorava quando eu fazia isso, achava bonitinho ver meus pés balançando pra frente e para trás, como uma criança que não alcança o chão. Acho que pude até sentir suas mãos em minha cintura me apertando. Não sei por que, mas dentro de mim eu sinto que a gente ainda não acabou. Afinal, você disse que precisava de um tempo pra pensar, nem sei pra onde você foi. Mas eu sinto, lá no fundo, que você vai voltar que hoje ou amanhã eu vou escutar a campainha e você vai estar... Toc toc... Ai, como seria bom se fosse você batendo na porta agora, mas aposto que é o vizinho ou o porteiro. 
          Fui até a porta e a abri... Meu Deus, é você! Você está de cabeça baixa e a levanta devagarzinho, como se estivesse com medo. Não tenha medo, meu amor. Seus olhos agora encontram os meus. Todas as borboletas do mundo vem parar no meu estômago, podia desmaiar agora, mas você me abraça, me segura, me tira do chão e sussurra no meu ouvido a pergunta mais idiota desse mundo: "Posso voltar pra casa, amorzão?", eu me recuso a responder e te dou um beijo, dois beijos, mil beijos. Te aperto, te olho. Quase não acredito no que estou vendo e sentindo, você aqui comigo de novo. Você me joga na cama e me promete que a partir de agora aquelas roupas nunca mais vão sair do armário e que nossas brigas bestas não vão mais contar que eu e você, agora, somos para sempre nós. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dando pitaco: Novo albúm da Demi Lovato!



         Bom, gente, eu tava pensando aqui e decidi dar uma variada no blog criando um novo tópico: "Dando pitaco", aonde eu vou dar minha opinião sobre assuntos variados, tipo música, notícias, moda, essas coisas.       O primeiro vai ser sobre o novo albúm "Demi" da (tcharan!) diva Demi Lovato! Que eu adorei, já estou viciada em algumas músicas hehe!
         Então, acho que esse novo albúm da Demi tem uma pegada meio eletrônica em algumas músicas e eu já consigo me imaginar dançando essa aqui nas balads (Neon Lights):


           Tem um ritmo super legal né? E o que eu mais gosto na música da Demi são, com certeza, as letras! Pode confessar que você se emocionou ao ouvir  "Skyscraper", lembrou daquela pessoa especial ao escutar "Don't forget" ou "Get Back", enfim são tantas músicas, com tantas letras boas e sem falar na voz incrível que essa linda tem né? Aiai, como vocês perceberam eu sou super fã dela! 
         Nesse novo albúm a Demi deu uma valorizada na voz dela ainda mais, dá pra escutar ela fazendo aquelas coisas de negona, indo de um tom mais alto pra um mais baixo e vice-versa, enfim, tá muito bom de verdade, pra mim talvez seja o melhor trabalho dela até agora. Acho que depois de tudo que ela passou, rehab e todas essas coisas, ela voltou mais madura e com mais certeza do estilo que ela quer seguir. Músicas boas com letras que falam alguma coisa além de "ontem eu sai e bebi muito wohoo!", letras que realmente trazem vários sentimentos à tona! E agora escutem e curtam algumas músicas, pra quem quiser ouvir o CD todo, vai aqui no Vevo dela que tem todos os áudio lá! 

Made in the USA:



In Case:




Two Pieces: 




Nightingale:




Warrior: 



Something That We're Not:




E claaaaaro, Heart Attack, primeiro single do albúm que tem esse clipe maravilhoso:



Foi a coisa mais difícil que eu já fiz escolher as favoritas hehe

Espero que vocês tenham gostado! Comentem sobre o que eu posso mudar, o que vocês gostaram e sobre o que vocês querem que eu fale nos próximos! Um beijo, mores!

domingo, 28 de abril de 2013

Fim.

         
          Eu sei que eu me prometi que não ia contar da gente e que não ia dizer pro mundo que você foi o meu maior amor, mas às vezes o amor é tanto que o coração explode e as palavras vão pulando, escapulindo. Tentei me controlar, mas sabe, um amor assim não pode permanecer desconhecido. Por isso hoje eu vim aqui contar nossa história pro universo inteiro ouvir.
         Nossa história não é bonita, não tem final feliz, mas foi forte. Forte o suficiente para afetar todos os dias da minha vida desde quando te conheci. Não, você não surgiu do nada, você veio devagar e eu fui notando aos poucos que seu sorriso me afetava de uma maneira diferente dos outros sorrisos. Percebi que os seus olhos tinham um brilho diferente, até perguntei para as minhas amigas se elas tinham notado como eles pareciam ter luz própria, era como se você tivesse duas estrelas azuis coladas no seu rosto. Elas disseram que seus olhos eram normais, eu não acreditei. Fui percebendo que só eu te via daquela maneira, só para mim você era tão... encantador.
         Nunca soube se meus sorrisos ou meus olhos te afetaram do mesmo jeito que os seus fizeram comigo. Você sempre foi muito misterioso, talvez por isso eu me perdesse no entrelaçado dos seus enigmas, dos seus "talvez". Fui tentando desvendar você e acabei me perdendo, naquela época achava que pra sempre ia ficar ali encurralada no meio dos seus disfarces. Você me dava a mão e me puxava um pouco pra fora dali, mas logo depois você me empurrava e eu afundava ainda mais. Era um vai e vem que de alguma maneira me encantou, talvez fosse meu lado masoquista ou talvez eu achasse que no fim ia dar certo, que uma daquelas mãos estendidas iam se tornar um abraço apertado e aquele labirinto louco ia se desfazer e eu ia te compreender. Agora vendo de fora eu acredito que eu só queria isso, te entender, por que eu nunca entendi e nunca vou entender.
         Você me maltratou, pisou, cuspiu, estraçalhou meu coração. Mas era só você olhar pra mim, sorrir pra mim ou simplesmente falar comigo e era como se meu coração esquecesse toda aquela mágoa. Sempre que a gente se reencontrava eu jurava que eu não ia deixar tu mexer comigo de novo, que desse vez eu ia me vingar, mas eu nunca consegui não é? Sempre foi você quem venceu no final. O nosso final que nunca foi um final sempre foi uma pausa no seu jogo de ir e vir, no seu jogo de acariciar e torturar.
        Não vou afirmar que essa nossa pausa agora é eterna, pois eu simplesmente não sei. Eu não tenho a certeza de que se você vier e me der um sorriso amanhã no parque eu vou desviar o olhar e seguir em frente. Eu não sei. Não te garanto nada, não me garanto nada. Eu só sei que minha vida sem você não é a minha vida, metade dos meus casos terminaram pois você reapareceu e a outra metade começou pra eu te superar. Mas sinceramente, acho que nunca estive tão forte como estou agora, nunca gostei tanto de mim. Eu não quero que você apareça, eu não te procuro. Eu quero ser feliz e acho que você entendeu isso, eu espero. Acredito que você não vá mais voltar e eu agradeço por me dar esse espaço.
       Meu amor por ti foi unilateral, mas amei por nós dois. Agora guardo esse amor todo pra alguém especial. Alguém que vai me segurar pela mão e que não vai criar labirintos indecifráveis, eu não precisar desvendá-lo, pois ele não vai disfarçar, fazer mistério. Ele vai ser ele e eu, eu mesma. Sem máscaras, sem teatros. Apenas duas pessoas que não precisam nem revelar, nem esconder, simplesmente ser.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Apenas o começo.

         Branco. Nada. É isso que passava pela cabeça dela. Era um turbilhão de coisas que se tornavam um nada. A angústia tomava conta do corpo dela. O estômago ardia. A cabeça doía. O coração não sentia. Nada. Os sentimentos tinham escapado entre os suspiros pesados. Ela não sabia. Não sabia. Esperava. Por você. Por um carinho. Um cafuné. Ela não queria. Ela queria. Tudo. Só pedia tudo seu. Era só isso. Só seu tudo. Ser seu tudo. Pedia por um ombro pra chorar. Ela só queria chorar. Não conseguia. Tudo tinha secado. Menos a barriga. Um sorriso torto. Era só isso que ela tinha. Sorrir. Gargalhar. Já não faziam mais parte da lista do que tinha feito no seu dia. A dor. Era grande. Não sabia. Um dia. Ela dizia que um dia. Ela esperava que seu sorriso voltasse. O ar ficou mais leve. O tempo. Trouxe seu sorriso de volta. A vida. Foi mudando aos poucos. Você. Você chegou.
        E naquela noite tudo se encaixou, os pontos viraram vírgulas. As pausas longas durante uma frase que ela fazia pra inspirar o máximo de ar possível e ter forças para continuar falando já não existiam mais. Ela tinha calma e pressa ao mesmo tempo. Os seus olhares se cruzaram naquela noite, o seu olhar interessado tirou todo o peso das costas dela, do ar. Ela te olhou de volta e deu meio que um sorriso, não torto. Aquele era um bom sorriso. O sorriso que ela estava ensaiando já fazia alguns meses, mas naquela noite foi perfeito e foi fácil. "Ela" se tornou "eu". Eu me encontrei naquele olhar. Foi só isso que você fez, mas ao mesmo tempo foi tanto. Eu queria escrever uma história sobre o que acontece depois, mas vou deixar aqui um certo mistério sobre como continua. Uma espécie de "To be continued" com aquele pingo de esperança de que seja logo, mas se não for, que seja na nossa hora certa. Que essa não seja mais uma história sem final como tantas outras que já foram e voltaram e nunca terminaram. Que esse seja um começo meio misterioso de alguma coisa sem sentido, mas ao mesmo tempo com todo o sentido do mundo.

domingo, 7 de abril de 2013

Marry you.

Eu poderia começar dizendo que você é o homem perfeito, aquele que toda mulher sempre sonhou, mas você não é. Você não é perfeito pra todas, você é perfeito pra mim, meu amor. Teu beijo encaixa no meu de uma maneira inexplicável. Eu sei o quão clichê isso pode soar, mas não tem outra explicação, não tem outra maneira de te falar, eu fui feita pra você, teu corpo foi esculpido pra encaixar perfeitamente no meu. É como se eu tivesse reaprendido a respirar, a andar, a sorrir. Eu sigo o teu ritmo, os nossos dedos se entrelaçam e é como se uma descarga elétrica passasse do teu corpo pro meu. Não dá pra te soltar. Eu sei que dizem que você tem que deixar o seu amor livre e que se for amor de verdade, ele fica, ele volta. Mas todos esses anos em que a gente ficou longe um do outro, todos esses anos que eu fiquei te esperando, te procurando, esses foram os nossos anos "livres". Eu te digo, sem você eu me sentia presa, esmagada, sufocada, contigo eu me sinto livre. É como se você tivesse me dado a liberdade. Você trouxe contigo um ar diferente pra eu respirar. Meu amor, aquele dia no café, que você pagou o meu café, lembra? Eu te achei um maluco tarado que pagava o café para desconhecidas todos os dias. Eu te agradeci e fui embora, sem sequer olhar nos seus olhos. Você sabe como eu era... Eu não acreditava mais nessas histórias de comédia romântica, você pra mim era simplesmente um babaca que fazia isso com todas, mas você fez isso por um mês inteiro, ficava lá me esperando, quando eu tinha decidido que eu nunca mais iria naquele café, você segurou minha mão e eu olhei nos seus olhos. Foi ali que eu me perdi do caminho da razão, foi ali que você mudou o meu ar, seus olhos, tão sinceros. Você me fez outra mulher. Você recriou a minha fé, recriou a minha visão do amor. Foram os seus olhos que me fizeram acreditar novamente, mas foi o seu sorriso que pegou o meu coração e explodiu de tanto amor e euforia. Esse teu sorriso de lado que veio acompanhado de um pedido de desculpas e um "Toma café comigo.", você me ganhou bem ali, amor. Era como se você tivesse acabado de caçar um pato burro e tonto. Foi muito fácil pra você, muito. Mas mesmo assim você não se aproveitou disso, você veio com cuidado, devagar. Foi entrando na minha vida aos poucos. De vez em quando você aparecia no meu escritório, só pra me deixar um café e me dar um beijo. Eu não conseguia acreditar naquilo. Você sabe que eu demorei. Você fazia tudo parecer um filme, daquele tipo que eu não acreditava mais que existia. Você transformou a minha vida em uma comédia romântica! Mas eu tava sempre esperando pela parte dramática, a parte que eu descobria que você era casado com uma mulher lá na Inglaterra, sua terra natal. Que um dia ia aparecer uma mulher descabelada com a maquiagem borrada na minha porta e xingar até a minha 10º geração. Mas isso nunca aconteceu, você fez tudo certo. Não tudo, às vezes você fazia alguma coisa errada, tipo esquecer a data do dia que nos conhecemos ou sair com os seus amigos e não me avisar. Mas você sempre reconhecia e essa era a melhor parte, você não era orgulhoso. Você pedia desculpas e me recompensava. Você sempre colocou suas palavras em prática. É por isso, amor, que eu confio tanto em você. É por isso que eu disse sim, quando você se ajoelhou na minha frente com aquele belo pôr do sol lá em copacabana. É por isso que hoje eu estou aqui, vestida de branco, em cima desse altar. E quando os nossos filhos perguntarem como eu me apaixonei por você, eu vou dizer que foi o seu sorriso, que arrancou meus pés do chão e tirou a minha cabeça do eixo. Eu sou sua e você é meu. Agora é pra sempre.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Fearless

Você tá diferente. Lembro quando eu te vi mês passado, você sorria o tempo todo e os seus olhos brilhavam mais do que todas as estrelas. Mas hoje não, seu rosto tá fechado, seu sorriso tá duro, sem graça e cadê aquele brilho todo? Você ainda nem me viu, mas a conversa das suas amigas não parece te interessar, seus olhos dão voltas e mais voltas pela multidão. O que você procura? Ele? Aquele que te sempre te fez sorrir sem esforço, né? Um cara de sorte. Me pergunto se ele vem te encontrar hoje...
Nossos olhos se esbarram. Você me solta um sorriso falso, até parece que eu não te conheço, seus olhos me dizem tudo, ele foi embora não foi?
Foi.
Eu me pergunto o motivo dele te deixar.
Eu também, todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos, essa pergunta me consome.
Eu sei, eu sei. Deixa eu ir ai te dar um abraço.
Você se levanta e vem andando na minha direção, eu faço o mesmo. A gente se encontra ali no meio do caminho e você me abraça, bem forte. Eu tenho vontade de catar todos os pedacinhos do seu coração e juntar, você não merece isso. Você não disse nada ainda, nem eu. Você enxuga uma lágrima fugitiva e pergunta como estou. Sempre assim, sempre preocupada com os outros. Eu não respondo, coloco seu cabelo pra trás da sua orelha e procuro, nos seus olhos, saber o que aconteceu. Eu sei que você não quer me contar, me enrola com uma conversa boba, sobre o seu dia, sobre aquela aula chata da faculdade, mas seus olhos me contam outra coisa. Ele nem te explicou nada né? Simplesmente foi embora. Ele é um filho da puta, sempre te disse isso. Mas eu sei que seus olhos não viam a indiferença no olhar dele. Aquele olhar que você não merecia. Você para de falar de repente. Respira fundo. Você vai me contar. Você tem aquele olhar de cachorro abandonado, é como se você estivesse pedindo desculpas por me contar seus problemas. Me conta, eu quero saber.
Sabe ele? A gente terminou. Foi assim, de repente. Ele me ligou um dia e disse que não queria mais. Eu perguntei o motivo, mas ele só disse que cansou. Cansou... É... Doeu, sabe? E a primeira pessoa que pra quem eu queria ligar, era você. Mas eu não consegui, eu guardei pra mim. Você sempre faz isso. Eu sei, eu sei. Mas é que... tá doendo. Eu sei. Vem cá.
A gente ficou abraçado um tempo e você chorou, como eu nunca te vi chorar. Talvez seja por causa de todas essas lágrimas que seu brilho foi embora. E talvez ele tenha levado todo o seu amor embora, te deixou cheia de angústia. Talvez por isso você não confie em mais ninguém. Você diz que não tem coração, mas eu sei que você tem, comigo você tem. Talvez só falte um pouco de amor, um pouco de confiança, pra você se aventurar pelos caminhos do amor de novo. Confia um pouco mais, pequena. Ama um pouco mais. Sem medo, só ama.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Sobre o casamento gay.

            Hoje eu quero falar sobre um assunto sério e polêmico, já vou começar dizendo que sim, sou a favor do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Então se você não concorda com a minha opinião e não quer ver o outro lado da moeda, não precisa continuar lendo. 
          Pois bem, pra mim essa discussão não tem sentido. Acho que governo nenhum tem o direito de proibir qualquer tipo de união entre qualquer tipo de casal, isso é uma coisa pessoal. E até onde eu sei o Estado já não é mais ligado à Igreja há algum tempo, na maioria dos países, pelo menos. É o que chamam de Estado laico. Sendo assim, o país que é um Estado laico, tem como único motivo para proibir o casamento homossexual o (desculpa a expressão) maldito preconceito. Tudo bem, pode não ser o "natural" ver um casal de homossexuais, estou falando biologicamente e me referindo apenas a questão de reprodução. Pois é uma coisa natural, sim. Existem algumas espécies na natureza como o grande rei da selva, é, meus amigos, o Leão, uma espécie de primatas, os Bonobos, o Golfinho-rotador, os Cisnes-negros, os Bisões Americanos, entre outras espécies. Não acredita? Vai no google, amigão. E olha uma foto do Rei Leão fazendo um afago no seu parceiro:


               E também olha essa reportagem aqui! Estamos caminhando para a comprovação científica de que ser gay não é uma escolha e sim algo que o próprio DNA define, já existem várias pesquisas sobre o assunto e eu acredito que desde os primeiros anos de vida já se consegue dizer se a criança é gay ou não. Mas eu acredito que tenha uma grande diferença entre o verdadeiro homossexual e a "bicha louca" (desculpa a expressão), de verdade, acho que esse segundo "vira" gay só pra chamar atenção (sem falar que não acredito que dê para "virar" gay, como já disse, para mim é uma coisa que vem desde o nascimento), aquele que grita, faz questão de mostrar que é gay e ponto final. Eu não saio por ai gritando e fazendo questão de mostrar que sou heterossexual e os que héteros que fazem isso, desculpa, vocês são gays que ainda não tiveram coragem de sair do armário. É o que falam, se você é alguma coisa, você não precisa ficar afirmando e reafirmando para os outros isso, apenas seja e seja feliz. E não, eu não acho agradável ver um casal se agarrando de uma maneira chamativa e quase nojenta na minha frente, tanto faz se esse casal é hétero ou homo, me sinto incomodada da mesma maneira.
                Tudo isso foi dito para que se entenda que o amor entre um homem e uma mulher, um homem e um homem e uma mulher e uma mulher, não é diferente, é o mesmo amor. E o meu Deus, pelo menos, é a favor do amor. Tudo bem, ele pode até não ter planejado esse tipo de amor, mas esse mesmo Deus, pelo menos o meu, não planejou as guerras, não planejou a fome, não planejou a desigualdade, não planejou a ganância, e a única coisa boa que ele não planejou, essas outras formas de amor, a gente quer impedir, aceitamos todas as ruins, nos irritamos de vez em quando, mas levamos como rotina, ver um mendigo deitado na rua, morrendo de frio, é normal, é cotidiano, mas ver um casal de homens de mãos dadas, é um absurdo! Então, parem de se preocupar se aquele cara tá namorando com outro cara e se esses muitos casais vão conseguir casar e adotar crianças que foram abandonadas ou perderam seus pais e vamos passar a nos importar com aquela criança que está morrendo de fome ou com aquela mulher que carrega um filho na barriga, mas não tem alimento nem para si mesma, vamos nos preocupar com o que realmente importa e parar de nos meter na vida dos outros, deixa eles viverem do jeito que eles querem, foi assim que eles foram criados e é assim que eles vão ser pelo resto da vida, quer você aceite ou não. E que Deus permita que em um futuro próximo aquele adolescente que goste do seu amigo não tenha mais o medo de ir lá e se declarar, que ele não tenha que se esconder, que ele possa viver livre como qualquer outra pessoa. E que aquela menina apaixonada pelo sorriso da sua amiga, não seja agredida por babacas preconceituosos, que eles não existam mais. Que a sociedade aceite essas pessoas. Eu tenho esperança disso, afinal, apenas alguns anos atrás eu estaria escrevendo um texto desse sobre um casamento inter-racial, inter-religioso. 
           Vamos viver livres de preconceitos!