segunda-feira, 15 de abril de 2013

Apenas o começo.

         Branco. Nada. É isso que passava pela cabeça dela. Era um turbilhão de coisas que se tornavam um nada. A angústia tomava conta do corpo dela. O estômago ardia. A cabeça doía. O coração não sentia. Nada. Os sentimentos tinham escapado entre os suspiros pesados. Ela não sabia. Não sabia. Esperava. Por você. Por um carinho. Um cafuné. Ela não queria. Ela queria. Tudo. Só pedia tudo seu. Era só isso. Só seu tudo. Ser seu tudo. Pedia por um ombro pra chorar. Ela só queria chorar. Não conseguia. Tudo tinha secado. Menos a barriga. Um sorriso torto. Era só isso que ela tinha. Sorrir. Gargalhar. Já não faziam mais parte da lista do que tinha feito no seu dia. A dor. Era grande. Não sabia. Um dia. Ela dizia que um dia. Ela esperava que seu sorriso voltasse. O ar ficou mais leve. O tempo. Trouxe seu sorriso de volta. A vida. Foi mudando aos poucos. Você. Você chegou.
        E naquela noite tudo se encaixou, os pontos viraram vírgulas. As pausas longas durante uma frase que ela fazia pra inspirar o máximo de ar possível e ter forças para continuar falando já não existiam mais. Ela tinha calma e pressa ao mesmo tempo. Os seus olhares se cruzaram naquela noite, o seu olhar interessado tirou todo o peso das costas dela, do ar. Ela te olhou de volta e deu meio que um sorriso, não torto. Aquele era um bom sorriso. O sorriso que ela estava ensaiando já fazia alguns meses, mas naquela noite foi perfeito e foi fácil. "Ela" se tornou "eu". Eu me encontrei naquele olhar. Foi só isso que você fez, mas ao mesmo tempo foi tanto. Eu queria escrever uma história sobre o que acontece depois, mas vou deixar aqui um certo mistério sobre como continua. Uma espécie de "To be continued" com aquele pingo de esperança de que seja logo, mas se não for, que seja na nossa hora certa. Que essa não seja mais uma história sem final como tantas outras que já foram e voltaram e nunca terminaram. Que esse seja um começo meio misterioso de alguma coisa sem sentido, mas ao mesmo tempo com todo o sentido do mundo.

2 comentários:

  1. Ana,
    Devo dizer que essa... pequena história me impressionou. É de uma simplicidade: aquele tipo de texto curtinho e simples, porém carregado de emoção.
    Foi possível, até mesmo, sentir aquela aflição triste da personagem nas frases entrecortadas e nas longas pausas. Nada como deixar a coesão de lado para trabalhar com as sensações, hehehehe.
    Parabéns - e que a escrita continue!

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  2. Lindo!! Perfeito o reencontro com o "eu".

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