segunda-feira, 15 de julho de 2013

Furacão de olhos verdes.


Não dá pra explicar o porquê ou como, só sei que teu efeito sobre mim é inverso, errado. Você me dá náuseas e revira meu estômago que nem gato brincando com novelo de lã. Eu sei que meu efeito sobre ti é quase nulo, o máximo que consigo é arrancar um sorriso irônico daqueles de quem sabe o poder que tem. Eu deveria me irritar com esse teu jeito cínico, mas como se eu esqueço até meu sobrenome só de te ver.

Eu me lembro do seu primeiro dia aqui como se fosse ontem - talvez tenha sido, não sei - tava guardando a última lembrança na caixa, dai você entrou pela porta e tudo que já tava em seu devido lugar se revirou, saiu se espalhando e todas as suas lembranças grudaram nas paredes, janelas, teto, sempre nos lugares mais visíveis. Se eu fosse tentar encontrar uma forma de te definir acho que a melhor palavra seria: furacão. Um furacão de olhos verdes. Você sempre some no inverno, me deixando com frio e desprotegida, depois chega a primavera e o cheiro das flores me anima, você permite que eu me sinta curada do inverno frio. Me arrisco em um ou outro relacionamento, mas sempre com medo dos seus olhos verdes aparecerem, mas não aparecem.

Então, chega o verão, sempre tão quente e úmido, fico apreensiva na primeira semana, mas ai passa, você me permite te esquecer. Você planeja tudo da pior maneira, espera eu conseguir superar o nosso outono juntos e o inverno sem você, deixa eu acreditar que essa primavera trouxe a felicidade e que nesse verão você não vai voltar. Quando eu menos espero, mal consigo ver, você destrói tudo que construi sem você e me puxa pra dentro do seu abraço. Me rouba o ar, a fala, tudo. Me bagunça por inteira. E seus olhos verdes, tão meus. Eu sei ser sua, mas você nunca soube - ou nunca quis - ser meu. Não te entendo, acho que nem se você tentar me explicar como, por que, eu não vou entender.

Eu não sei qual é a sua nem a minha. Só sei que eu não sei não ser sua, mesmo sabendo que quando o calor for emboram e a secura chegar, você vai sumir. Vai embora sem nem se despedir, sem nem me garantir se vai voltar. Eu sei que você me bagunça. Acho que no próximo verão vou fugir pro norte atrás do inverno, a solidão é mais confortável que essa incerteza maluca. Não quero que você volte, mas não vai agora. Deixa eu curtir esse último outono com essa doce ilusão que são seus olhos verdes sorrindo pros meus tão castanhos e iluminados quando fitam os seus. Mas não volta, não quero mais verão. Já disse, prefiro ficar nesse inverno interminável a viver esse amor de verão sem fim. Mas espera mais um pouco, só mais um beijo e você pode ir.



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